O Secretário de Estado do Desporto, Gilberto Mendes, respondeu ontem ao meu Twitter onde revelei 3 coisas:

 

i) a TotalEnergies desembolsou 18,5 milhões de Meticais para o basquetebol; 

ii) o Fundo de Promoção Desportiva (FPD) não prestou contas à TotalEnergies e

iii) o FPD solicitou “em cima da hora” o desembolso para a viagem ao Ruanda.

 

Gilberto Mendes colocou seu texto no Facebook e noutras redes sociais. E deu uma entrevista à RM, onde se tenta explicar. 

 

Minha resposta tem em vista o seu texto no Facebook e o áudio, que partilhei convosco.

 

No Facebook, ele corrige minha referência temporal sobre o desembolso da TotalEnergies. Eu referi-me a Dezembro de 2022; ele corrigiu para Março de 2023. Contudo, a referência temporal é menos relevante para esta conversa. O relevante é que houve desembolso e isso ninguém sabia; era um tabu!

 

Seu texto (mais o áudio) é um coro de contradições. 

 

Ontem de manhã, perguntei-lhe se podia atender-me para falarmos. Calou-se! 

E depois reclama que furtei-me ao contraditório!

 

No início da noite de ontem, falamos brevemente e combinamos uma conversa para depois das 20 horas. Liguei. Ele calou-se! 

Quando ler este texto, há-de agarrar-se novamente à alegada falta de contraditório!

 

No início da noite, ele acabava de responder, no Facebook, ao meu Twitter de ontem.

 

Com letras garrafais, ele escreveu DESMINTO! 

Mas não desmente nada! Uma retórica infundada!

 

Ele diz que desmente o que eu disse sobre a TotalEnergies ter feito um desembolso de 18,5 milhões de Meticais para a selecção feminina de basquetebol. Mas ele confirma esse desembolso.

 

Antes da minha revelação, esse montante estava no segredo do FPD (na pessoa da Directora Amélia Cabral) e, agora sabemos, do Secretário de Estado Gilberto Mendes. Nem a Federação de Basquetebol conhecia os montantes.

 

Ele diz que desmente mas confirma, no áudio, que não houve prestação atempada de contas pelo FPD à TotalEnergies, como reza o contrato entre as duas partes. 

 

Ele diz que desmente mas confirma (no áudio) que não houve complaince do FPD relativamente aos critérios de desembolso da TotalEnergies.

 

Ele diz que desmente mas confirma (no áudio) que o FPD não submeteu o pedido de novo desembolso atempadamente. 

 

E nisso, nesse laxismo e nessa falta de prestação de contas, parece que não há responsáveis… ele ainda não fala em responsabilização! Obviamente, para ela, a Directora do FPD é inimputável.

 

Gilberto Mendes reconhece o desembolso que eu revelei mas diz que os 18,5 milhões de Meticais foram destinados para uma “campanha” (torneio de qualificação no Zimbabwe) e que a fase final do  “Africano” no Ruanda faz parte de outra “campanha”. São campanhas diferentes, diz ele. 

 

Não creio! Em desporto não é assim. A campanha do Ruanda é uma única, que envolve duas fases: eliminatórias e fase final. Aliás, o acordo com a TotalEnergies não distingue duas campanhas, como momentos estanques. 

De modo que o dinheiro esteve sempre disponível mas, para recebê-lo, o FPD, que ele tutela, devia ter sido competente para, prestando contas, garantir condições condignas de preparação para as jogadoras. Ontem perdemos com a Nigéria e a culpa só pode ser destes preversos factores extra-jogo que afectaram psicologicamente as atletas, decorrentes de um dirigismo desportivo incompetente. 

 

Paro por aqui! 

Eu podia questionar coisas tipo como foi possível dinheiro para o basquetebol ter financiado outras modalidades nos jogos do Malawi, pois a selecção juvenil que foi para o AUSC teve apenas 14 integrantes nessa competição e não os 50 que ele diz. Alguém já viu comitiva de basquetebol com 50 integrantes? E a viagem ao Malawi foi de carro, desde Tete. Ou seja 18 milhões foram gastos nas idas ao Zimbabwe e ao Malawi (aqui de carro e com acomodação oferecida pelo Governo local). 

 

Enfim…

Agora, desafio ao SED a apresentar publicamente as contas dos 18,5 milhões. Como foi gasto o dinheiro? Porquê não prestam contas à TotalEnergies?

 

Por fim, uma informação (ele pode esfregar as mãos): a TotalEnergies vai desembolsar dentro em breve, fazendo vista grossa às lacunas nas contas relevantes.

Bom dia!

Marcelo Mosse