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domingo, 09 fevereiro 2025 12:58

Escangalhamento da USAID pode ter efeito deletério em Moçambique: Chapo 5/48 activa speed dial da linha vermelha à Trump 47

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De acordo com o portal ''Conceito.de'', ''Deletério é um adjectivo que deriva de um vocábulo grego que se pode traduzir por “destrutor”. O termo refere-se àquilo que é venenoso ou mortífero (...) Posto isto, deletério diz-se daquilo que é prejudicial, insalubre, perigoso ou nocivo.''

 

Segundo o motor AI Overview da Google, de ajuda mais avançada que o básico ''pai grande'' Google de pesquisa geral, ''Efeito deletério é um efeito prejudicial ou nocivo à saúde, que pode ser causado por uma substância ou procedimento.''

 

Por sua vez, ''A inteligência artificial (IA) é a utilização de tecnologia para simular a inteligência humana em máquinas. A IA utiliza algoritmos, dados e poder computacional para executar tarefas que os humanos normalmente fazem, como aprender, raciocinar e resolver problemas''.

 

O que tem isto que ver com esta matéria cujos antetítulo e título denotam que o assunto deste texto é a medida executiva da Administração Trump 47, de escangalhar a USAID, sob os auspícios de seu aliado Elon Musk, o homem mais rico do mundo? Tudo a ver. Elon Musk é um dos pais-fundadores e promotores da IA, que pela profecia do historiador Yuval Noah Harari, em seu livro Homo Deus, pode até substituir muitos dos trabalhos humanos da máquina burocrática da USAID e de outros departamentos do Governo Americano. Imaginem um mundo dominado pelos Elon Musk desta vida e governado por IA e outras plataformas tecnofeudalistas - conceito do economista grego Yanis Varoufakis?

 

O ''recolher obrigatório'' da USAID

 

Todos os trabalhadores directamente contratados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, sigla em inglês) estão na já anunciada “licença administrativa”, desde a última sexta-feira, dia 07, mas o campo do partido democrata já brandiu que vai mover uma batalha épica contra a decisão da administração Trump de liquidar um dos principais braços da geopolítica norte-americana. 

 

“Trump/Musk não podem unilateralmente fechar a USAID. A USAID é regida pela Lei de Reestruturação e Reforma dos Assuntos Externos de 1992, aprovada pelo congresso”, afirmou o senador democrata Andy Kim, na rede social X, referindo-se à ordem executiva tomada por Donald Trump, no quadro das medidas propostas pelo bilionário Elon Musk, ao abrigo do designado Departamento de Eficiência do Governo (DOGE).

 

O senador Kim tem uma sensibilidade e relação especiais com aquela agência, uma vez que trabalhou no ramo africano da mesma.

 

Chris Van Hollen, também senador do partido democrata, afirmou que está a trabalhar com advogados para conseguir uma providência cautelar que possa impedir a execução de algumas ordens executivas tomadas pelo Presidente norte-americano, incluindo a suspensão das actividades da USAID e a colocação do seu “staff” em “administrative leave”.

 

A acção visa proteger trabalhadores do Estado federal, os países receptores da ajuda da USAID e as operações desta entidade, no geral, enfatizou Hollen.

 

Maputo em diálogo com Washington

 

Empossado a 15 de Janeiro de 2025 como quinto Presidente da República de Moçambique, cinco dias antes de Donald Trump ser investido o quadragésimo sétimo Presidente dos EUA, Daniel Chapo orientou o seu Governo a fazer de tudo para evitar o efeito deletério das Ordens Executivas do ''Potus'' (acrónimo de Presidente dos Estados Unidos, em inglês) em Moçambique.

 

Com uma doação anual de mais de mil milhões de dólares a Moçambique, a USAID é um actor de peso no apoio ao país, canalizando verbas e outro tipo de ajudas à saúde, educação, saneamento, agricultura e mudanças climáticas.

 

Face à preocupação causada pelo espectro de dissolução da agência norte-americana, o Governo moçambicano garante que está em diálogo com a embaixada dos EUA visando encontrar soluções que contornem o impacto da ordem executiva de Donald Trump.

 

Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros – órgão que esta semana passou a ter duas sessões semanais, avançou que Maputo pretende, no mínimo, que Washington mantenha o apoio à área da saúde. 

 

“Os cortes no financiamento, por parte do governo norte-americano, poderão afectar a disponibilidade de medicamentos e de recursos humanos necessários para responder ao combate ao HIV-SIDA”, assinalou Impissa.

 

Avançou que Moçambique terá de garantir a manutenção dos serviços essenciais de saúde para a população, através de algumas medidas paliativas.

 

Os EUA dão 400 milhões de dólares à área da saúde em Moçambique, contribuindo, de forma decisiva, na luta contra o HIV/SIDA, através do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio do SIDA (PEPFAR).

 

Só no ano passado, a USAID disponibilizou, no total, 30 biliões de dólares em ajuda humanitária e para a área de segurança, para mais de 100 países.

 

Enquanto a administração Trump não toma uma decisão final, a USAID foi colocada sob jurisdição do Secretário de Estado, Marco Rubio, decisão vista como um forte sinal de que a agência vai acabar, pelos menos, na orgânica e autonomia com que vinha actuando ao longo de décadas.

 

“Apoiarei absolutamente o caminho que for decidido, como o de a USAID deixar de ser um departamento separado”, declarou o republicano Brian Mast, presidente do Comité das Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA.

 

Uma “Fraude” e “ninho de vermes”

 

O Presidente norte-americano considera a USAID uma “fraude impressionante”, defendendo que tem poder para acabar com a instituição, sem ter de recorrer ao congresso.

 

Donald Trump fez a acusação, depois de a USAID ter anunciado que todos os funcionários da entidade vão entrar em “licença administrativa”, a partir do dia 07 de Fevereiro, no quadro da política de corte de ajuda externa defendida por Donald Trump e por um dos seus braços direitos, Elon Musk, bilionário norte-americano que nasceu na Africa do Sul.

 

Aliás, Musk classificou a USAID de “ninho de vermes”, dando mais uma machadada no futuro da organização.

 

Em mais um acto de hostilidade em relação à USAID, Trump qualificou mesmo de “lunáticos” os funcionários da agência, segundo Alex Gagintano e Laura Kelly, correspondentes do portal Hill, na Casa Branca.

 

Donald Trump defende que a suspensão das actividades da USAID não carece de nenhuma intervenção do congresso, sendo suficiente uma medida executiva.

 

Por seu turno, os democratas entendem que aquele órgão legislativo deve pronunciar-se sobre a matéria.

 

De acordo com o portal Hill, a USAID foi criada através de uma ordem executiva em 1961 pelo Presidente John F. Kennedy, mas uma lei aprovada em 1998 colocou a agência na esfera do congresso, o que torna ilegal a decisão de Donald Trump. (Carta da Semana)

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