Uma mulher nua caminha trôpega pela estrada e é acossada à paulada por soldados armados até aos dentes. Ela tem o ventre inchado e as mamas descaídas quando se dobra para se defender das impenitentes vergastadas. Batem-na violentamente e ela é traída pelo esfíncter e um jacto de fezes, quase impercebível, quando atalha fora do asfalto. Continuam a batê-la e mandam-na voltar para a estrada. Os próprios soldados filmam a cena. A mulher não tem como defender-se e volta à estrada. Um deles dispara e ela cai. Os outros metralham-na, seguidamente. Impiedosamente. Cada um deles vomita tiros sobre a mulher caída no asfalto. Mesmo quando persuadidos há ainda disparos sobre a mulher morta. Quantos tiros? Impossível contar. São rajadas esfuziantes. O vídeo é rápido e a cena demasiadamente chocante. Abandonam o cadáver e exultam, ufanos: “Matámos o Al Shabab!” Um deles faz um V, de vitória, com os dedos e aparece em primeiro plano no vídeo. Dizem impropérios enquanto se afastam. Vejo isto e estou incrédulo. Não consigo pensar. Tenho náuseas. Não entro na discussão sobre quem são verdadeiramente aqueles homens. O que está em causa aqui é a barbárie, sejam eles quem forem. Não pode haver justificação para isto. Para uma execução intrémula. Para esta personificação do mal. É isso que nós estamos a viver e muitos de nós continuamos sem perceber. Estamos costas voltadas. Não nos apercebemos de nada? Aqui está a barbárie no seu esplendor. Para os incautos, relembro a sinonímia. Barbárie significa: selvajaria, incivilidade, bestialidade, estupidez, ignorância, crueldade, atraso.