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quarta-feira, 28 novembro 2018 03:00

Lançamento de livro / Ilhés e Islanders

Este livro é uma homenagem às pessoas especiais, vibrantes, interessantes e doces da Ilha de Moçambique.

 Discrição: Em África quando um velho morre arde uma biblioteca, assim disse o maliano Amadou Hampatê Bâ. Em lugar algum isso é tão verdadeiro como na Ilha de Moçambique. Séculos de história entre a cidade de pedra coral e o macuti (palhotas cobertas de folha de palmeira) com tantas histórias que precisam ser contadas pelas pessoas e não pelos historiadores. Eu apaixonei-me pela Ilha, na primeira visita que fiz. Foi logo depois da independência. Uma imensa calma cobria a ilha, agora que os colonialistas portugueses tinham desertado, e a independência prometia um futuro melhor. A luz fazia as delícias de qualquer fotógrafo. Regressei muitas vezes depois disso e publiquei o meu primeiro livro de fotografias, chamado ‘Muipiti’ em 1983. Pouco tempo depois rebentou a guerra civil entre a Frelimo e a Renamo. O futuro prometido não ia acontecer. Nunca mais pude visitar a Ilha em segurança. Os anos passaram, a vida continuou e o mundo mudou. Em 2012, voltei à Ilha, mas desta vez para fazer dela a minha casa. A fotografia sempre foi para um meio através do qual eu pude converter as histórias no olhar da minha mente. À medida que fui conhecendo melhor as pessoas da Ilha, a profunda compreensão das suas vidas tornou-se fascínio. A ideia deste livro surgiu-me porque eu lhes queria prestar homenagem e dar-lhes um nome e uma voz antes que fosse tarde demais. Através das suas palavras e das minhas fotografias consegui conhecer e compreender um pouco as suas lutas e frustrações. A princípio, havia muito mais mulheres que homens, ansiosas para falar sobre suas vidas. A maioria dos homens tinha partido em busca de trabalho e sustento para as suas famílias, e tristes pareciam bastante derrotados pela vida dura que tiveram de enfrentar. Achei as mulheres surpreendentemente mais livres para falar sobre suas vidas e particularmente sobre as suas conquistas e poderes sedutores, dos quais elas muito se orgulhavam. A mistura de famílias, feita por vezes em casamentos ditados por razões económicas, manteve essas famílias ligadas e até mesmo protegidas. Descobri que pretos, brancos e indianos alegremente se casam e têm filhos. As mães muçulmanas aceitam genros cristãos e filhas que se convertem ao catolicismo. Moira Forjaz

(28 de Novembro, às 18 horas na Fundação Fernando Leite Couto)

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