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quinta-feira, 26 setembro 2019 04:48

Insurgência em Cabo Delgado: finalmente, Filipe Nyusi reconhece a gravidade do drama e exige que se deve colocar um ponto final

O clima de instabilidade militar, que se apossou da província de Cabo Delgado, região norte do país, completa, no próximo dia 05 de Outubro, dois anos. Foi, precisamente, na madrugada do dia 05 de Outubro de 2017 que indivíduos empunhando armas brancas e de fogo irromperam o distrito de Mocímboa da Praia adentro, tendo, na sequência, assassinado, ferido, ligeira e gravemente, e destruído residências e edifícios públicos.

 

Para já, um dado salta à vista. As Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam sem encontrar o antídoto para debelar e, quiçá, colocar um fim à matança que se assiste naquele ponto do país, cuja realidade, no terreno, tende a deteriorar-se.

 

Só nos últimos 20 dias, “Carta” contabilizou um total de 10 ataques, todos protagonizados, tal como refere a população local, por indivíduos inspirados no radicalismo extremo.Esta terça-feira (23), num encontro que manteve com oficiais superiores das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), por ocasião da celebração dos 55 anos da sua criação, o Presidente da República, Filipe Nyusi, voltou a abordar a intricada e cada vez mais complexa situação daquela província do norte do país, vista como a futura solução para as deficitárias contas públicas, quando arrancar, em 2023, a exploração do Gás Natural Liquefeito (GNL) na Bacia do Rovuma.

 

Desde que iniciaram os ataques em Outubro de 2017, os insurgentes visaram os distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia, Nangade, Quissanga, Meluco, Muidumbe e Mecúfi. Até ao momento, os distritos de Mueda, Namuno, Metuge, Balama, Chiúre, Ancuabe, Montepuez, Pemba e Ilha do Ibo figuram da lista dos que ainda não foram alvo dos insurgentes.

 

O Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) reconheceu as dificuldades em colocar um ponto final no terror que se vive naquela província nortenha do país. Filipe Nyusi centrou, desta vez, a sua abordagem no facto de a situação já ir tarde demais e que os oficiais deviam adoptar novos métodos para lidar com a mesma.

 

É sim, tal como disse o Comandante em Chefe, chegado o momento de colocar um ponto final à situação que se vive em Cabo Delgado, pelo que deve figurar no topo das prioridades.

 

“Já está a ser tarde para cuidar deste assunto e, se for preciso, voltem à preparação”, de modo que a resposta “não seja na base da politização das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, mas sim na base de competência de comando”, anotou Filipe Nyusi.

 

Ontem, durante as celebrações do 25 de Setembro, dia das Forças Armadas, o Presidente da República voltou a abordar o assunto. Depois de depositar uma coroa de flores em memória aos heróis nacionais, Filipe Nyusi destacou que tudo deve ser feito para desmantelar os focos de instabilidade.

 

“Temos de tudo fazer para desmantelar esses focos”, disse o Chefe de Estado, garantindo estar “mais do que claro que estamos a ser vítimas de uma invasão camuflada”.

 

E para combater os ataques, o Ministro da Defesa Nacional, Atanásio N’tumuke, pediu na terça-feira o apoio de parceiros internacionais que, na sua óptica, pode ser materializado, através de trocas de informações pontuais e estratégicas entre várias FDS.

 

Refira-se que, desde que iniciaram os ataques a 05 de Outubro de 2017, pouco mais de três centenas e meia de pessoas já perderam a vida. (Carta)

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