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sexta-feira, 27 maio 2022 07:20

Empresários exigem mais incentivos ao Governo face à subida de preços

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A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) mostra-se sufocada com a actual onda de subida generalizada de preços, com destaque para combustíveis e trigo, quer fora, quer dentro do país.

 

Dois dias depois do reajuste do preço do combustível, a CTA chamou a imprensa para exigir mais “almofadas” ao Executivo liderado por Filipe Nyusi. Durante a conferência de imprensa, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, disse que, nos últimos dias, o sector privado está exposto a três choques simultâneos, aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, bem como a condições financeiras mais restritivas.

 

Crise de alimentos

 

Devido à iminente crise de alimentos resultante do conflito entre a Rússia e Ucrânia, iniciou uma corrente nova de proteccionismo, em que diversos países tomaram medidas para, segundo eles, “gerir a sua segurança alimentar”. No caso do trigo, dos 10 maiores mercados fornecedores de Moçambique, três países já baniram a sua exportação, nomeadamente a Rússia, Ucrânia e Argentina que perfazem 77 milhões de USD, ou seja, 36% do total de trigo importado. Significa que 36% dos mercados fornecedores de trigo a Moçambique estão fechados, colocando o país numa busca incessante de mercados alternativos”, explicou Vuma.

 

Diante deste cenário e do ponto de vista de medidas que incentivem o sector, a CTA pede ao Governo e países produtores de trigo, em particular, para negociar e celebrar acordos de fornecimento de trigo e de outros produtos, a curto prazo. A médio prazo, a Confederação propõe a promoção de parcerias para a produção e desenvolvimento da cadeia de valor de cereais em Moçambique, associado aos incentivos e facilidades providenciadas pelo projecto Sustenta.

 

Combustíveis

 

Aqui, o Presidente da CTA reiterou que as gasolineiras estão a praticar preços que não correspondem à realidade. Apesar dos incentivos neste sector, Vuma realçou que o Governo não paga as compensações às gasolineiras. Como consequência, as petrolíferas “preferem minimizar o stock vendido para minimizar o prejuízo”. Como medida temporária, a CTA propõe que se criem mecanismos para que as associações de transportes possam desempenhar o seu papel e promover a criação de depósitos nos terminais para a aquisição do combustível em grupo ao distribuidor, beneficiando-se, assim, do preço baixo. Segundo Vuma, isto permitiria que os transportadores comprassem o combustível a preço do distribuidor que é inferior ao preço de venda ao público.

 

“No pacote de medidas, não se pode deixar atrás a questão fiscal, visto que o IVA tem peso significativo na estrutura do preço final do combustível. Por um lado, na importação de combustível, o IVA acaba tendo um peso de cerca de 11% no preço final do litro de combustível. Quanto ao distribuidor, o IVA tem um peso de cerca de 13% no preço final. Sendo assim, existe aqui espaço para, através de medidas fiscais, se minimizar a subida galopante dos preços e controlar a subida do custo de vida, a curto prazo”, afirmou Vuma.

 

Condições restritivas de crédito

 

Quanto ao crédito, o Presidente da CTA explicou que as actuais condições de financiamento, resultantes do actual contexto, estão cada vez mais restritivas e poderão funcionar em contramão às necessidades das empresas para fazer face à resposta da iminente crise de alimentos. Dados sobre a distribuição do crédito, apresentados por Vuma indicam que somente cerca de 16% de empréstimos bancários no sistema financeiro nacional vão para o sector primário e secundário, sendo que, apenas cerca de 2% do crédito vai para a agricultura. “Assim, urge encontrar solução e/ou opções de financiamento alternativo para apoiar, não só a recuperação empresarial, bem como oferecer instrumentos para responder às necessidades actuais”, concluiu o Presidente da CTA. (Evaristo Chilingue)

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