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segunda-feira, 21 agosto 2023 15:44

Petrolíferas investiram mais de 1.800 ME em prospeção em Moçambique desde 2006

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As companhias petrolíferas investiram em Moçambique, desde 2006, mais de 1.800 milhões de euros em projetos de prospeção de hidrocarbonetos que aguardam planos de desenvolvimento ou decisão final de investimento, segundo dados da petrolífera estatal ENH.

 

No relatório e contas de 2022, consultado pela Lusa, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), operadora petrolífera detida pelo Estado moçambicano, contabiliza que investiu 264.158.273 dólares (240,5 milhões de euros) desde 2006 em projetos que transferirá para o balanço da empresa “após aprovação do plano de desenvolvimento e/ou decisão final de investimento”.

 

A este valor acrescem 1.739.752.667 dólares (1.585 milhões de euros) investidos pelas concessionárias dos projetos, no mesmo período, totalizando assim quase 2.004 milhões de dólares (1.824 milhões de euros).

 

O ano de maior investimento foi 2013, com um total de 545,5 milhões de dólares (497 milhões de euros) de investimento, que caiu para pouco mais de 5,8 milhões de dólares investidos em 2018, na sequência dos ataques de insurgentes em várias localidades de Cabo Delgado, no norte do país, onde se situam os principais projetos de prospeção e produção de gás natural.

 

Além destes, a ENH detém uma posição de 25% no consórcio liderado pela Sasol na área de produção de gás PPA Pande e Temene, já em produção, e de 10% no Rovuma Área 4, em desenvolvimento e produção, além de outros 15 em desenvolvimento e pesquisa.

 

A ENH exerce a sua atividade subordinada ao Ministério dos Recursos Naturais e Energia, tendo como “objetivo principal” a atividade petrolífera, “nomeadamente a prospeção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados”, incluindo importação e exportação.

 

A companhia petrolífera norte-americana Exxon Mobil considera que o investimento no gás natural de Moçambique está encaminhado para ser tomada uma decisão final de investimento em 2025, começando a produzir no final da década.

 

"Muito depende ainda da situação de segurança, que tem estado a ser muito bem gerida", ressalvou em julho o vice-presidente da companhia para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver.

 

Esta é a primeira vez que a Exxon fala em datas relativamente ao projeto de construção de uma fábrica no norte de Moçambique, depois de o projeto estar parado desde 2020 devido à insegurança na região.

 

O projeto da Exxon em Cabo Delgado previa uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas atualmente.

 

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

 

Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

 

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

 

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

 

Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, diretamente no mar, que arrancou em novembro de 2022.

 

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.

 

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

 

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

 

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.(Lusa)

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