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sexta-feira, 14 junho 2024 08:11

Porto da Beira perdeu 500 mil toneladas para Tanzânia - empresários

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O presidente da Associação Comercial da Beira afirma que o porto daquela cidade está a perder carga para Dar Es Salam devido à “insuficiência dos corredores nacionais”, com 500 mil toneladas desviadas este ano para a capital tanzaniana.

 

“Dizem que as nossas estatísticas melhoraram em relação ao ano passado em 2, 3 ou 5%, mas eu digo que sim, podia ter sido 20%. Então, as pessoas pegam esses números como se fosse um desempenho positivo dos nossos corredores, está errado, nós estamos a perder cargas em relação ao Dar Es Salam. Este ano só já foram desviadas para Dar Es Salam mais de 500 mil toneladas”, disse Félix Machado aos jornalistas.

 

O porta-voz dos empresários da Beira, capital da província de Sofala, participou na quarta-feira numa conferência sobre transporte e logística em Moçambique, e apontou a insuficiência do Corredor da Beira, defendendo que o mesmo é crucial para o desenvolvimento daquela região do centro do país.

 

“Até adubo para Zimbabué está a ser descarregado em Dar es Salam. Então, há ineficiências do nosso corredor [que liga a Beira ao Zimbabué] que não podemos esconder”, sublinhou Machado, sobre a situação no segundo maior porto moçambicano.

 

A solução para alavancar o setor de logística e transporte, segundo o presidente da Associação Comercial da Beira, é a união de esforços entre o Governo e o setor privado para definirem com clareza o que o país pretende, como ao nível de custos e benefícios, mas também pela eliminação da burocracia e da corrupção.

 

“Parece que há ideias diferentes por causa da existência de vários intervenientes, cada um quer puxar para o seu lado e no fim ninguém entende a ninguém, e depois surgem esses problemas”, concluiu Machado.

 

O Governo moçambicano anunciou em outubro que pretende investir 290 milhões de dólares na expansão e modernização do Porto da Beira, província de Sofala, um dos mais importantes de Moçambique e que serve outros países da região.

 

"O Governo aprovou o Plano de Negócios do Porto da Beira, no qual está previsto um investimento até 290 milhões de dólares [276 milhões de euros] nos próximos 15 anos para a expansão e modernização do Porto da Beira, dependendo das condições do mercado", disse o ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Mateus Magala.

 

O ministro, que falava na abertura do fórum de negócios para o Corredor da Beira, que decorreu naquela cidade, avançou igualmente que os estudos já realizados apontam para um incremento exponencial do volume de contentores manuseados neste porto, em torno de 300%, nas próximas duas décadas.

 

Assim, como resultado destes investimentos, a capacidade de manuseamento de contentores passará dos atuais 300 mil para 700 mil contentores por ano, entre outras melhorias, como o aumento da capacidade de manuseamento de carga geral, armazenamento, acessos e outros.

 

Os portos moçambicanos movimentaram em 2023 mais de 63 mil toneladas de mercadorias, um aumento de 12,3% face a 2022, praticamente metade a partir de Maputo, segundo dados da execução orçamental noticiados anteriormente pela Lusa.

 

Este desempenho contrasta com o movimento portuário de 56,1 mil toneladas de janeiro a dezembro de 2022, mas alguns portos até registaram quebras no ano passado.

 

No porto de Maputo, o maior do país, foram movimentadas mais de 31,2 mil toneladas de mercadorias, um aumento de 16,7% face a 2022, seguido do porto de Nacala-Velha, com 13,8 mil toneladas (+20,3%), do porto da Beira, com 13,6 mil toneladas (-1,3%) e do porto de Nacala, com três mil toneladas (+14,9%).

 

Por outro lado, a “redução da produção de manuseio de combustível e magnetite” influenciou o movimento no porto de Beira, justifica-se no relatório.(Lusa)

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