O coordenador do programa de Crime Organizado e Terrorismo no Instituto sul-africano para Estudos de Segurança (ISS, na sigla em inglês), Willem Els, considerou, domingo (30), que a indústria de raptos está a “tornar-se uma pandemia na África do Sul”.
Em declarações à Lusa, o investigador admitiu não ter informações específicas sobre o sequestro de um empresário português, no início da semana, nos arredores de Joanesburgo, mas sublinhou não apenas o "forte crescimento” desta actividade criminosa na África do Sul, onde "está realmente a ficar fora de controlo”, como as suas fortes ligações a Moçambique.
A prática de raptos para obtenção de resgates "está realmente a ficar fora de controlo na África do Sul, que tem já, de longe, a maior taxa de raptos entre os países africanos” sublinhou, e é uma das mais elevadas do mundo, com cerca de 9,57 raptos por cada 100 mil habitantes, segundo o relatório de 2024 da organização World Population Review.
Segundo este investigador, os sindicatos de crime organizado a operar no eixo Maputo-Gauteng-KwaZulu Natal, as duas maiores províncias sul-africanas, reclamam a maior parte do volume financeiro obtido pela indústria dos raptos nos dois países.
"Em termos de volume financeiro, os raptos associados ao eixo Maputo-Gauteng que podem incluir a participação de actores paquistaneses e indianos são responsáveis pela maior soma de dinheiro resultante dos resgates”, afirmou o responsável à Lusa.
A África do Sul registou mais de 16 mil sequestros em 2023, "mas menos de 20 raptos movimentaram a maior parte do dinheiro, porque os alvos são empresários”. (Lusa)