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sábado, 16 novembro 2019 12:31

Cimeira de Gás: Oradores apontam capacitação, industrialização e segurança como principais desafios para o país após o FID

Durante a sexta Cimeira e Exposição do Gás de Moçambique, havida entre quarta e quinta-feira (13 e 14), em Maputo, diversas personalidades, alguns gestores públicos, outros privados do sector de exploração de gás natural, apresentaram várias oportunidades e desafios para o país após a Decisão Final de Investimento (FID, sigla em Inglês) dos projectos Mozambique LND (em instalação na Área 1), FLNG Coral Sul e Rovuma LNG (na Área 4).

 

Em painel que versava sobre como será Moçambique após o FID, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá, foi um dos primeiros intervenientes. A ENH prepara-se para participar nos projectos de exploração de gás da Bacia do Rovuma e não só, em representação dos interesses do estado moçambicano.

 

Na ocasião, Mithá lembrou que, após o FID, espera-se que a economia do país cresça, concretamente a partir de 2022, depois de ser afectada pelos ciclones Idai e Kenneth. No entanto, após a fase de decisão, o gestor demonstra preocupação sobre a sustentabilidade da estatal para participar nos mega-projectos.

 

“O desafio que se apresenta a seguir é a sustentabilidade financeira da estatal, nomeadamente, em como participar nesses grandes projectos de investimento. Tivemos, porém, um suporte dos parceiros, mas iremos fazer o levantamento de capitais em condições muito melhoradas para que haja criação de valor, para que a nossa participação seja sustentável a médio e longo prazos”, afirmou o PCA da ENH.

 

Para o Presidente do Instituto Nacional de Petróleos (INP), Carlos Zacarias, o grande desafio que apresenta após o FID é assegurar que aqueles projectos sejam implementados, durante o tempo e orçamento previstos. Outro desafio, continuou Zacarias, assenta na maximização, pelas petrolíferas, da utilização da mão-de-obra nacional, bem como a compra e fornecimento de serviços locais. O Presidente do INP apontou, igualmente, a necessidade de maior industrialização para responder à demanda técnica dos mega-projectos.

 

Representantes da ExxonMobil, ENI, Total que se instalam em consórcios na Bacia do Rovuma, também intervieram. Nos seus discursos, renovaram compromissos das suas operações, a promover o conteúdo local, contratar para a materialização dos seus projectos. Lembraram também a necessidade de contínua capacitação por parte do sector empresarial de modo a beneficiar-se de várias oportunidades que se esperam após o FID.

 

Convidada para participar, a economista e antiga Primeira-ministra, Vitória Diogo, descreveu o momento da tomada de decisão para implementação de, pelo menos, dois referidos projectos, como “mágico” para a transformação exponencial económica do país.

 

Diogo disse também que, com o FID, começa uma nova fase de desenvolvimento exponencial e talvez inédito, mas apelou à necessidade de continuar-se a apostar no conteúdo local. “Este é um dos principais objectivos que foi aqui expresso, tanto pelos intervenientes da parte do Governo, como do sector privado”, assinalou.

 

Para que esse desiderato se torne real, a economista desafiou o Governo a procurar o casamento, de entre várias, do Instituto Nacional de Normalização, Qualidade e Certificação (INNOQ) com entidades de certificação a nível mundial para que a entidade garanta de facto a qualidade e certificação rápida dos produtos nacionais.

Intervindo no painel, o Governador de Cabo Delgado, Júlio Parruque, queixou-se da falta de segurança, concretamente, após o FID do consórcio da Área 1, na Bacia do Rovuma. A insegurança naquele local é provocada por insurgentes desde 2017. Fontes da “Carta” avançam que, mesmo com a ajuda dos “irmãos russos”, os ataques continuam a aterrorizar a população de algumas zonas daquela província, colocando em risco os grandes investimentos em instalação. (Evaristo Chilingue)

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