O Banco de Moçambique prevê maior pressão sobre a despesa pública em 2020, para fazer face às exigências decorrentes do pacote de descentralização administrativa e dos esforços de reconstrução pós-ciclones. A antevisão consta do Relatório da Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, referente ao mês de Dezembro prestes a findar.
Publicado terça-feira finda (23), o documento diz, no entanto, que se preserve uma redução do défice fiscal após donativos e, consequentemente, uma queda do nível de endividamento público, explicada, essencialmente, por uma maior eficiência na cobrança de receitas e pelo uso de parte das mais-valias arrecadadas em 2019.
No que tange ao comportamento do nível geral de preços, o Relatório indica que a inflação anual aumentou nos últimos dois meses. “A inflação anual de Moçambique, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Moçambique, acelerou de 2,25%, em Outubro, para 2,58%, em Novembro. Ainda assim, a inflação média anual manteve a sua tendência de desaceleração pelo sétimo mês consecutivo ao passar de 2,98%, em Outubro, para 2,72%, em Novembro”, lê-se no documento.
Em relação ao futuro, o Banco central perspectiva para o curto prazo para uma ligeira aceleração da inflação anual nos próximos três meses, ainda assim mantendo-se baixa e sem comprometer os objectivos de estabilidade de preços.
“A previsão de ligeira aceleração de inflação é justificada pelos seguintes factores: menor oferta interna de produtos alimentares; tensão político-militar na zona centro do país que condiciona o fluxo de pessoas e bens e a probabilidade de ocorrência de chuvas acima do normal nos primeiros meses de 2020”, explica a fonte.
Ao nível internacional, o relatório aponta para uma estabilidade do preço do barril de petróleo no mercado internacional em 2020. “Nas previsões actuais, o preço do brent para finais de 2019 foi revisto em baixa, devendo fixar-se em torno de USD 63,7. Entretanto, para 2020 projecta-se que o mesmo estabilize em torno dos USD 62,0”, lê-se no Relatório.
De acordo com a fonte, estas previsões continuam a reflectir as preocupações em volta das expectativas de abrandamento da economia mundial face às ameaças de intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos da América e os seus principais parceiros comerciais. (Evaristo Chilingue)