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terça-feira, 18 fevereiro 2020 15:41

TVM fecha 2018 com prejuízo de mais de 28 milhões de Mts

A Televisão de Moçambique, a primeira estação de televisão no país, criada em 1981, fechou o seu exercício económico de 2018 com um resultado líquido negativo de mais de 28.4 milhões de Mts, depois de, em 2017, ter tido um resultado líquido de 148.2 milhões de Mts, o que representa uma perda de mais de 120 milhões de Mts, em relação ao exercício económico anterior.

 

A informação consta das Demonstrações Financeiras de 31 de Dezembro de 2018, publicadas pela televisão pública, no passado dia 12 de Fevereiro, no Jornal Notícias.

 

De acordo com as demonstrações financeiras, auditadas pela empresa Nexia BKSC, os gastos com o pessoal contribuíram para este resultado, pois, em 2018, a TVM despendeu mais de 387.5 milhões de Mts com o seu pessoal, diferentemente do ano de 2017, em que os gastos fixaram-se acima dos 359.8 milhões de Mts. Neste ponto, o destaque vai para o pagamento das ajudas de custo que evoluíram de 18.7 milhões de Mts, em 2017, para 31.4 milhões de Mts, em 2018, o que representa um crescimento de mais de 12.7 milhões de Mts.

 

Refira-se que o Conselho de Administração da Televisão de Moçambique, composto por seis membros (incluindo seu Presidente), obteve um benefício total de 14.8 milhões de Mts, em 2018, contra os 15 milhões de Mts ganhos em 2017. Já o Conselho Fiscal recebeu, durante o exercício económico de 2018, 1.8 milhão de Mts, enquanto em 2017 teve 1.7 milhão de Mts.

 

Entretanto, o aumento das despesas com o pessoal contrasta com a redução dos Subsídios à Exploração, que são os desembolsos efectuados pelo Estado para suportar as despesas de funcionamento da empresa, assim como outros investimentos. Neste item, a TVM recebeu, em 2018, 471.2 milhões de Mts, contra os 649.9 recebidos em 2017. Só a Direcção Nacional de Tesouro, instituição responsável pela canalização do valor das despesas de funcionamento, alocou 261.2 milhões de Mts à televisão pública, em 2018, contra os 309.2 enviados, em 2017. Já para a cobertura do campeonato do Mundo de Futebol, da Rússia, e das Eleições Autárquicas, a TVM recebeu 60 milhões de Mts, enquanto para a liquidação da dívida da Moçambique Telecom (T-Mcel) recebeu 150 milhões de Mts.

 

Outros itens que ajudaram a “afundar” as contas da empresa liderada por Faruco Sadique são os fornecimentos de bens e serviços de terceiros, onde a TVM desembolsou, em 2018, 144.7 milhões de Mts, contra os 136 milhões de Mts gastos no exercício económico anterior. Aqui, a renda e o aluguer contribuíram com 37.5 milhões de Mts, contra os 31.5 milhões de Mts, aplicados em 2017.

 

Já as depreciações e amortizações consumiram 112.5 milhões de Mts, contra os 128.9 milhões de Mts, de 2017, representando uma melhoria na ordem de 16.4 milhões de Mts.

 

Auditor emite “opinião com reserva”

 

De acordo com o auditor das contas da Televisão pública, as demonstrações financeiras de 31 de Dezembro de 2019 “apresentam de forma apropriada, em todos os aspectos materiais, a posição financeira da TVM (…) e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa relativos ao ano findo naquela data”, porém, com reservas e explica.

 

“Um total de 5.391.600 MZN referente a ordens de publicidade emitidas no exercício findo em 31 de Dezembro de 2018 não foi contabilizado como vendas de serviços do respectivo exercício. Esta omissão ocorreu no âmbito das trocas de serviços e deveu-se a falhas de reconciliação entre a informação do sector de alinhamento de publicidade e a do sector comercial. Em consequência desta matéria, as vendas de serviços e o resultado líquido estão subvalorizados pelo montante de 5.391.600 MZN”, afirma o auditor.

 

“Não recebemos respostas para o número considerável de pedidos de confirmação de saldos junto dos clientes. Além disso, não fomos capazes de confirmar ou verificar através de meios alternativos as contas a receber de clientes incluídas no balanço por quantia total de 49.948.216 MZN, em 31 de Dezembro de 2018. Em consequência desta matéria, não pudemos determinar se seriam necessárias quaisquer ajustamentos relativos às contas a receber dos clientes, registadas ou por registar e aos elementos que constituem a demonstração dos resultados, demonstração de variações no capital próprio e demonstrações dos fluxos de caixa”, acrescenta a Nexia BKSC, num parecer datado de 19 de Julho de 2019.

 

Por seu turno, o Conselho Fiscal da TVM recomendou a aprovação daquelas demonstrações financeiras, assim como “um voto de louvor ao Conselho de Administração e aos trabalhadores, em geral, pelo crescente empenho no cumprimento dos objectivos da empresa e na melhoria da gestão por aquele órgão.

 

Refira-se que a Televisão de Moçambique é a maior e mais antiga estação televisiva do país, emitindo, actualmente, o seu sinal em dois canais (TVM e TVM Internacional) e contém 10 delegações provinciais. (Abílio Maolela)

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