Os ataques armados protagonizados por insurgentes na província de Cabo Delgado, norte do país e pela auto-proclamada Junta Militar da Renamo, na zona centro, retraíram investimentos nacionais e estrangeiros, em 2019, relatou, semana finda, o Director-geral da Agência para Promoção de Investimento e Exportações (APIEX), Lourenço Sambo.
Em entrevista ao nosso jornal, Sambo evidenciou que, dos 335 novos projectos de investimentos aprovados em 2019, avaliados em 4.5 biliões de USD, grande parte (225) destina-se à zona sul, contra 110 projectos referentes à zona centro (57) e norte (53) do país.
Desagregando a distribuição dos projectos (com maior enfoque para a indústria de hotelaria e turismo) por província, o Director-geral da APIEX realçou que Maputo Província ganhou, no ano passado, 88 projectos, seguido de Inhambane com 70, Maputo Cidade com 54 e Gaza com 13 novos projectos.
Embora a insegurança, que iniciou em Agosto de 2019 não assole todas as províncias do centro, Sambo anotou que a quantidade de projectos por província naquela zona foi baixa no ano passado. Em ordem crescente, mostrou que Tete ganhou apenas oito novos projectos, em detrimento de Manica que obteve 11, Zambézia 16 e, por fim, Sofala com 22.
O nosso interlocutor reportou ainda que, mesmo com a Zona Económica Especial localizada na província de Nampula, a zona norte obteve menos projectos em comparação com o centro e sul do país.
Na região nortenha de Moçambique, Sambo explicou que, dos 53 novos projectos, somente 14 destinaram-se à província do Niassa, 15 para Cabo Delgado, onde os ataques levados a cabo por insurgentes acontecem desde Outubro de 2017 e, por fim, 24 registados em Nampula.
Além de retrair investimentos, a insegurança no norte do país dificulta a circulação de pessoas e bens, tornando cada vez mais cara a vida das populações que vivem naquelas regiões.
Todavia, Sambo disse esperar a cessação dos ataques, principalmente na zona centro do país, com a assinatura a 06 de Agosto passado, em Maputo, do Acordo Geral de Paz entre o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade. (Evaristo Chilingue)