A companhia pública, Linhas Áreas de Moçambique (LAM) diz ter meios para repatriar moçambicanos no estrangeiro, que por causa da Covid-19, pretendem regressar ao país. A garantia foi dada este Domingo (19) a “Carta”, pelo Director-geral da LAM, João Pó Jorge, poucos dias depois de o Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação anunciar que pretende fretar voos para repatriar pelo menos 20 concidadãos em Angola e Portugal.
“Nós temos condições de ir buscar os nossos concidadãos em Angola. Mas também estamos a interagir com a Embaixada de Moçambique em Portugal, para ver como proceder”, afirmou Jorge.
Para trazer de volta concidadãos naqueles países, o Governo poderá fretar dois voos charters, dos quais um para Angola e outro para Portugal. E, em relação a Angola, o Director-geral da LAM garantiu que a companhia de bandeira tem meios para ir buscar concidadão e não só. Todavia, o repatriamento só pode ser feito pela LAM, assim que o Governo demandar.
Em entrevista telefónica, Pó Jorge deu a entender que, a realizar-se, o voo charter (aquele que é feito num avião alugado com o objectivo de transportar um grupo de pessoas ou bens com certa emergência) de repatriamento, poderá aliviar de certa forma o impacto da Covid-19 na empresa, facto que deixa cada vez mais vermelhas as contas da companhia.
O gestor explicou que, devido às medidas restritivas para conter a doença, a nível internacional e interno, a LAM viu-se obrigada a cancelar pouco mais de 200 voos, desde nacionais e internacionais. Como consequência, o nosso interlocutor acrescentou que a LAM reduziu para um máximo de quatro voos semanais ao nível interno.
Segundo Pó Jorge, por causa da Covid-19, a empresa obrigou-se ainda a negociar e suspender duas aeronaves alugadas. Com essa suspensão, o nosso entrevistado explicou que a LAM e a sua subsidiária MEX (Moçambique Expresso) operam, actualmente, seis aviões que garantem voos interprovinciais.
Mesmo tendo adoptado essas medidas, Pó Jorge deu a entender que a LAM ainda continua a somar prejuízos que se agravam desde Março (e com perspectiva de agravar-se ainda mais em Abril corrente), após ter um final de ano produtivo. O nosso entrevistado não avançou o montante de prejuízos mensais, mas indicou que a companhia tem despesas fixas mensais de 140 milhões de Meticais, um valor que, caso a situação se mantenha nos próximos meses, a empresa ver-se-á incapaz de obter na totalidade.
Com vista a mitigar ainda mais o impacto, Pó Jorge informou que a empresa tem estado em permanentes negociações com os fornecedores, credores com vista a renegociar o pagamento da dívida. Das medidas de mitigação implementadas pela LAM, consta ainda a redução de salários. Segundo o Director-geral da LAM, essa medida visa evitar o pior (despedir trabalhador), mas sim salvar empregos de diversos funcionários afectos à companhia. (Evaristo Chilingue)