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BCI
segunda-feira, 24 dezembro 2018 03:11

Governador do Banco de Moçambique num discurso “estável e inspirador”…

“A conjuntura económica do ano de 2018 foi marcada pela consolidação da estabilidade macroeconómica iniciada em 2017, após as fortes medidas tomadas em 2016. Com efeito, a economia estabilizou em níveis abaixo de cinco por cento ao longo de todo o ano.” Esta foi a súmula da intervenção do Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamenta, por ocasião do brinde alusivo ao encerramento do ano económico, acontecido no passado dia 21, na capital do país. “Foi na base desses resultados e das nossas expectativas sobre o comportamento futuro deste indicador que a nossa política monetária em 2018 foi orientada para a redução das taxas de juro, factor de estímulo à actividade económica em geral, e para as nossas pequenas e médias empresas em particular”, prosseguiu Zandamela.

 

De acordo com o Governador do BM, a queda da taxa de juro de referência, a taxa MIMO, que ocorreu por cinco vezes ao longo do presente ano, numa magnitude total de 525 pontos base, para o nível actual de 14,25%, visava sinalizar aos bancos comerciais que a economia apresenta condições para a redução das taxas de juro de crédito concedido aos seus clientes.

 

Vai daí, o banco central está a trabalhar com a Associação Moçambicana de Bancos e com os bancos comerciais, para continuar a aperfeiçoar o mecanismo de determinação das taxas de juro de crédito, materializado com a assinatura do acordo sobre o indexante, em 2017, posteriormente reforçado no presente ano com a assinatura de uma adenda.

 

Segundo Zandamela, até ao terceiro trimestre de 2018, o PIB cresceu em 3,2 por cento, ou seja: cerca do dobro do aumento registado no trimestre homólogo do ano passado.

 

O crescimento económico foi determinado pelo desempenho positivo dos sectores de extracção mineira, agricultura, comércio e serviços, pesca e indústria transformadora, contrariamente ao do ano passado, que dependia apenas do sector de extracção mineira. Além disso, o retorno da estabilidade económica do país tem estado a promover uma maior procura por importações, que até Setembro deste ano aumentaram em relação ao período homólogo de 2017 em 730 milhões de dólares, tendo as exportações aumentado em aproximadamente 410 milhões de dólares. A actuação do BM no mercado cambial, em 2018, foi no sentido de realizar intervenções pontuais para suprir as necessidades de importação de combustível e corrigir a volatilidade excessiva da taxa de câmbio.

 

O saldo das reservas internacionais brutas manteve-se acima de 3 biliões de dólares, o suficiente para cobrir cerca de 7 meses de importações de bens e serviços. Por seu turno, a taxa de câmbio do Metical em relação às moedas dos principais parceiros – com destaque para o dólar norte-americano – manteve-se (regra geral) estável ao longo do ano, em torno de 60 Meticais, com registo de alguns momentos de uma certa volatilidade no início do ano e numa parte do terceiro trimestre.

 

Na sua alocução, Zandamela afirmou que o banco central tem estado a trabalhar continuamente, em colaboração com os bancos comerciais, para garantir a sua estabilidade e solidez. Para tal foi introduzido o rácio de liquidez e um processo de monitorização da implementação da medida de publicação trimestral, por parte dos bancos comerciais, de informação sobre os níveis de solvabilidade e de liquidez.

 

Quanto ao relacionamento financeiro com o exterior, o BM registou perdas significativas de contrapartes de negócios na relação com os bancos correspondentes, entre 2015 e 2017.

 

Porém, a partir de 2017, com a retoma notória da estabilidade macrofinanceira associada às reformas implementadas pelo BM e pelo Governo, foi possível recuperar gradualmente parte considerável de contrapartes de negócios com os bancos correspondentes, num ambiente de continuidade de reformas internas e aprofundamento da adesão às boas práticas internacionais na matéria.

 

No respeitante à implementação da Estratégia de Desenvolvimento do Sector Financeiro, Rogério Zandamela afirmou que o BM tem vindo a trabalhar para modernizar o seu sistema de pagamentos e melhorar os níveis de inclusão financeira no país.  Nesse âmbito o banco enfrentou muito recentemente uma crise que afectou o sistema de pagamentos, nas componentes de transacções electrónicas efectuadas com recurso aos cartões bancários, ATM e contas móveis, afectando negativamente milhares de clientes bancários, mormente os que se encontravam fora do país. A solução provisória já está em implementação, enquanto a definitiva vai ser desenvolvida por uma nova provedora, a EURONET, com a qual o banco central assinou um contrato no dia 10 do corrente mês para o licenciamento, implementação e manutenção de um sistema informático para pagamentos electrónicos interbancários.

 

A expectativa é de que o novo provedor, dada a sua dimensão, experiência e exposição internacional, irá oferecer serviços de qualidade e à altura das necessidades do nosso sistema de pagamentos, com o apoio e cooperação de todos nós. De acordo com o Governador, em 2019, o BM calibrará os instrumentos de política monetária e cambial para que a inflação se situe em torno de um dígito, e manterá o compromisso com o regime de taxa de câmbio flexível, que servirá de ajuste para os choques cambiais não esperados, podendo ocorrer intervenções para corrigir a volatilidade excessiva e indesejável.

 

Ao nível do sector financeiro, o banco central perspectiva continuar vigilante para garantir que as instituições continuem a observar as boas práticas internacionais e o cumprimento rigoroso das recomendações e normas por si emanadas. Já no concernente ao sistema nacional de pagamentos, espera o BM continuar a implementar a legislação em vigor visando a materialização efectiva da rede única de pagamentos, tendo em vista a redução dos custos das transacções para os clientes bancários, melhorando assim os indices de inclusão financeira. O banco tenciona ainda organizar, em Março, em parceria com o Fundo Monetário Internacional, um seminário internacional de alto nível sobre “Fundos Soberanos”. E para Julho, estão agendadas as Jornadas Científicas (que acontecem anualmente) que versarão sobre a mesma temática. (H.L.)

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