O departamento de estudos económicos do Standard Bank considera que a economia de Moçambique deve registar um crescimento económico negativo de 0,9% este ano, recuperando em 2021 para 4,2%, e registar uma "perda substancial de emprego".
"O risco de uma recessão este ano aumentou porque a pandemia abrandou o investimento, especialmente o estrangeiro associado à implementação dos projetos de gás natural, pressionando significativamente a balança de pagamentos e o orçamento", escrevem os analistas do banco, alertando para uma "perda substancial de emprego que vai deprimir ainda mais a procura dos consumidores, cujo sentimento já é negativamente afetado pelos desafios de segurança no centro do país e pela violência no norte".
No mais recente relatório sobre algumas economias africanas, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que o cenário base aponta para uma recessão de 0,9% este ano que pode chegar aos 2,5% no cenário mais pessimista, mas em ambos os casos o crescimento de 2021 deverá ficar acima dos 4%.
"Vemos o crescimento a acelerar acima de 4% a partir de 2022 com os projetos Coral e Área 1 a atingirem as fases críticas de implementação, já bem depois da decisão final de investimento para o projeto do Rovuma", dizem os analistas.
Na frente orçamental, avisa o Standard Bank, há "riscos substanciais", que emergem da necessidade de chegar aos 700 milhões de dólares (630,2 milhões de euros) de ajuda pedida pelo Governo.
"O Fundo Monetário Internacional (FMI) já disponibilizou 309 milhões de dólares [278 milhões de euros] ao abrigo do Veículo Rápido de Crédito [Rapid Credit Facility, RCF, no original em inglês], depois de ter dado 15 milhões de dólares [13,5 milhões de euros] para cobrir o serviço da dívida de abril a outubro deste ano", lembram os analistas.
O documento do Standard Bank acrescenta que a União Europeia juntou 110 milhões de euros em apoio, sendo natural "que o Banco Mundial e outros doadores contribuam para fechar o valor em falta até aos 700 milhões de dólares pedidos pelo Governo em ajuda de emergência".
Em África, há 3.922 mortos confirmados em mais de 135 mil infetados pelo novo coronavírus em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
Moçambique regista 244 casos de covid-19 e dois mortos.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 366 mil mortos e infetou mais de seis milhões de pessoas em 196 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.(Lusa)