A confiança dos agentes económicos na economia degradou-se ainda mais no mês de Abril, atingindo um nível mais baixo nos últimos 10 anos. O Indicador do Clima Económico (ICE), uma publicação mensal sobre a conjuntura económica do país, nomeadamente acerca da evolução corrente da actividade empresarial e perspectivas no curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade, demonstra que o saldo no mês de Março situou-se nos 95.6 pontos, mas em Abril, a confiança dos empresários caiu drasticamente para 88.3 pontos, um valor nunca registado desde 2010.
Elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o estudo explica que a situação desfavorável que se vem registando desde Março esteve em linha com as expectativas de procura, que continuaram com perfil descendente pelo terceiro mês consecutivo e de emprego, apreciada negativamente pelo segundo mês seguido.
Em termos de dimensão empresarial, a análise divulgada em finais de Maio passado concluiu que contribuíram para o estágio actual do ICE a queda da confiança em todos os grupos empresariais, com maior destaque para o grupo das Pequenas e Médias Empresas.
“A contínua queda do ICE deveu-se, sectorialmente, à queda de confiança em todos os sectores alvos do inquérito com maior destaque para os sectores de alojamento e restauração, que regista uma diminuição pelo terceiro mês consecutivo, do comércio, bem como dos outros serviços não financeiros se comparados com o mês de Março”, detalha o relatório.
Perspectiva de queda ligeira de preços nos próximos meses
Em estudo, a Autoridade Estatística revela que a expectativa dos agentes económicos sobre preços futuros teve uma depreciação, facto que levou o indicador de perspectiva dos preços a registar uma queda ligeira face aos últimos dois meses, tendo, deste modo, o seu nível continuado abaixo da média e atingido um novo mínimo da respectiva série temporal.
“Essa redução do indicador de preços futuros, no período em análise, deveu-se à percepção generalizada dos agentes económicos dos sectores de outros serviços não financeiros, de alojamento e restauração, de comércio e de transportes, de que os preços vão diminuir nos próximos meses com excepção dos sectores de construção e da produção industrial que prognosticaram um aumento ligeiro dos preços futuros no mesmo período de referência”, explica o estudo.
Empresas com constrangimentos aumentaram
Perante a crise pandémica, o INE revela que, em média, 60% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo em Abril, o que representou um incremento de empresas com limitação de actividade face ao mês anterior, numa magnitude de 1%, facto que se mostra alinhado ao ICE que diminuiu.
“Essa situação foi influenciada pelo aumento de empresas com limitações no exercício de suas actividades nos sectores de alojamento e restauração (+6% de empresas, ao passar de 74% para 80%), comércio e serviços (+9%) e da prevalência de limitações nos sectores de transportes (69% de empresas), da construção (59%) e da produção industrial (52%)”, lê-se no ICE que, em contrapartida, salienta que o sector dos outros serviços não financeiros registou menos empresas com limitações (52%). (Evaristo Chilingue)