Em demonstrações financeiras resumidas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), referentes ao exercício económico findo a 31 de Dezembro de 2019, o Conselho Fiscal da empresa manifesta preocupação em relação ao saldo da dívida da Electricidade de Moçambique (EDM) e ZESA (empresa de electricidade do Zimbabwe).
De acordo com as referidas demonstrações, até ao fecho de 2019, a EDM e ZESA deviam, à HCB, pouco mais de 10.5 milhões de Meticais, dos quais 8 milhões de Meticais pertencem à EDM.
A preocupação, fundamenta o Conselho Fiscal da HCB, está no facto de o total do saldo da dívida, avaliada em 12.7 milhões de Meticais (dos quais pouco mais de 2.2 milhões de Meticais são detidos pela ESKOM e SAPP, entidades da África do Sul), ter causado custos operacionais com o aumento de imparidades em 5 milhões de Meticais, contra 2 milhões de Meticais registados em 2018.
Diante dessa situação, o Conselho Fiscal da HCB apela à Administração da empresa a ir buscar os valores. “O Conselho Fiscal encoraja o Conselho de Administração a continuar a envidar esforços no sentido de recuperação dos valores em dívida”, lê-se nas demonstrações financeiras.
A dívida, principalmente da EDM e ZESA, é o único problema reportado pelo Conselho Fiscal no relatório do exercício económico da HCB referente ao ano passado, pois, o órgão, o Conselho de Administração e o auditor independente, a KPMG, concordam com as restantes informações descritas no documento, nomeadamente, resultados operacionais, líquidos e nível de produção de energia.
De acordo com as demonstrações que temos vindo a citar, a HCB logrou registar um resultado operacional de 9.9 mil milhões de Meticais contra 9.5 mil milhões de Meticais de 2018, representando um crescimento na ordem dos 4,1%, e um resultado líquido de 6 mil milhões de Meticais, cerca de 30,5% superior ao ano anterior.
Em termos de produção de energia, reaviva a fonte, a empresa registou crescimento na ordem de 7.3% em relação ao ano anterior, situando-se em 14.656 GWh, contrariando os efeitos nefastos causados pelo ciclone Idai, que prejudicou sobremaneira a actividade normal da hidroeléctrica.
O Presidente do Conselho de Administração da HCB, Pedro Couto, fundamenta, nas demonstrações resumidas, que o crescimento da produção, dos resultados financeiros e uma gestão prudente, assente em critérios de racionalização e eficiência, estiveram na base deste desempenho económico-financeiro notável.
No domínio organizacional, Couto lembra que o ano de 2019 foi marcado pela realização da Oferta Pública de Venda (OPV) de 4% das acções da HCB, reservada exclusivamente a cidadãos, empresas e instituições moçambicanas, a qual resultou no incremento significativo do número de accionistas da empresa de três para mais de 17 mil. Esta OPV constitui a primeira tranche de 7.5% das acções a vender, conforme decisão tomada pelos accionistas da empresa em 2017.
Das demonstrações, consta ainda que o capital próprio total da HCB cresceu de 54 mil milhões de Meticais, em 2018, para 62 mil milhões de Meticais, em 2019. Até ao final do ano passado, reportam as demonstrações, a empresa tinha um passivo total avaliado em 3 mil milhões de Meticais (contra 5 mil milhões que detinha em 2018), face a um activo total de 65 mil milhões de Meticais (contra quase 60 mil milhões que detinha em 2018).
Perante esse balanço, o auditor independente e os Administradores da empresa afirmam, no relatório, que a HCB irá continuar a operar com a devida observância do pressuposto da continuidade e que não tem motivos para duvidar da capacidade da empresa de poder continuar a operar no futuro próximo. (Evaristo Chilingue)