Os ataques terroristas estão a afectar o tecido empresarial na província de Cabo Delgado, para além de semear luto, dor, destruição e deslocados, há quase três anos. A Cimentos de Moçambique, a maior empresa de produção de cimento no país, já se ressente dos efeitos da insegurança em Cabo Delgado.
Em entrevista telefónica à “Carta”, o Director-geral da empresa, Edney Viera, disse que o efeito da insegurança já é visível nas vendas. “Em comparação com o ano passado, as vendas recuaram entre 5% a 10%”, disse Viera, sem precisar números exactos por questões de concorrência.
O nosso interlocutor disse que, para além dos ataques, a crise pandémica é outro factor que afecta o mercado do cimento, não só na província de Cabo Delgado, mas também em toda a região norte do país, onde a empresa tem duas unidades industriais com uma capacidade de produção avaliada em 400 mil toneladas por ano.
Na zona centro do país, o Director-geral da Cimentos de Moçambique disse não haver motivos para a queixa, embora o desejo fosse incrementar ainda mais os níveis de venda. Nessa zona, a empresa produz, anualmente, um milhão de toneladas de cimento na unidade fabril instalada no distrito do Dondo.
No sul do país, aquele gestor da empresa público-privada queixou-se da maior concorrência alimentada por outras cinco produtoras de cimento. Além disso, Viera aponta a falta de projectos numa altura em que a crise provocada pela Covid-19 afecta as empresas de construção civil e as famílias.
Para alimentar a zona sul, a Cimentos de Moçambique tem uma capacidade instalada, de pouco mais de 1.2 milhão de toneladas em duas unidades fabris.
No geral, o nosso entrevistado disse que os custos de produção estão cada vez mais a aumentar e queixou-se dos custos de matérias-primas dolarizadas, electricidade, gás, entre outros factores. Como consequência, apontou a fonte, o preço do cimento, a cada ano, também vai aumentar.
Todavia, no futuro, o Director-geral da Cimentos de Moçambique perspectiva uma melhoria nas vendas, devido a expectativas de melhoria da economia, principalmente, no concernente aos projectos de exploração de gás natural.
A Cimentos de Moçambique é comparticipada por empresas públicas moçambicanas Caminhos de Ferro de Moçambique e a Empresa Moçambicana de Seguros e pelo Estado, através do Instituto de Gestão e Participação do Estado.
Das seis empresas produtoras de cimento no país, a Cimentos de Moçambique conta com uma cota de mercado de 54%. (Evaristo Chilingue)