Um estudo publicado na última terça-feira, pelo Observatório do Meio Rural (OMR), intitulado “cobertura florestal na província de Cabo Delgado”, revela que aquela província do norte do país já perdeu cerca de 171 mil hectares de áreas florestais. Entre os distritos mais afectados, e que alimentam os corredores do contrabando da madeira, estão Namuno (75 mil hectares), Chiúre (36 mil hectares) e Palma (19 mil hectares).
O estudo, que avalia o sector florestal nos últimos 20 anos, indica que a exploração ilegal e insustentável dos recursos florestais, a agricultura itinerante e a crescente procura por outros produtos florestais não madeireiros são as principais causas da exploração de madeira, gerando uma sobre-extracção dos recursos florestais.
De acordo com a pesquisa, na província de Cabo Delgado, a evolução da cobertura florestal e da população são inversas, sendo que a população cresce continuamente, enquanto a área florestal declina. Todavia, a nível distrital, existem casos em que o decréscimo da área florestal não acompanha o crescimento populacional, principalmente, nos distritos de Meluco, Montepuez, Muidumbe, Ancuabe e Mecúfi.
Para os pesquisadores, é importante que se crie incentivos financeiros para as comunidades, para que a renda proveniente da protecção e gestão com base na comunidade exceda o custo de protecção e gestão. Avançam ainda que é necessário facilitar o uso legal da floresta pelas comunidades, de modo a reduzir a utilização de produtos florestais como fonte fundamental de rendimento das famílias, sobretudo, em situação de crise porque só deste modo se pode afastar os exploradores ilegais. (O.O.)