O ano de 2021 era tido como de esperança. Todavia, para o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fausio Mussá, a pandemia, aliado ao impacto negativo da tempestade tropical Eloise e aos problemas de segurança que o país enfrenta, irá, provavelmente, diminuir o optimismo e limitar a recuperação económica.
Citado pelo FDS, comentando a queda da actividade empresarial no sector privado, durante o mês de Janeiro, Mussá começa por afirmar que, após um ano de 2020 que se revelou desafiante, Moçambique iniciou também 2021 de modo conturbado.
“O início do ano trouxe consigo um aumento exponencial do número de infecções por Covid-19, que obrigou o Governo a voltar a adoptar restrições que visam ajudar a travar a proliferação da pandemia, algo que prejudica a actividade económica”, diz Mussá.
Numa outra vertente, o economista entende que os possíveis atrasos na implementação do projecto de Gás Natural Liquefeito de Moçambique, liderado pela Total, que envolve um investimento de 20 mil milhões de dólares e cujas primeiras exportações de gás estavam previstas para 2024, fizeram com que as previsões do crescimento do PIB a médio prazo fossem revistas e passassem a apresentar valores mais conservadores.
Contudo, observou a fonte, tais previsões continuam a ter em conta o progresso na construção associado ao projecto de GNL Coral Sul liderado pela ENI, que conta com um investimento de 10 mil milhões de dólares e com as primeiras exportações previstas para a segunda metade de 2022.
“Na edição de Janeiro de African Markets Revealed (AMR), chamámos a atenção para o facto de o Comité de Política Monetária (MPC) do Banco de Moçambique parecer estar prestes a dar por terminado o seu ciclo de diminuição das taxas de juro, com um dos cenários a contemplar uma possível subida”, sublinha Mussá.
O economista afirma que, no entanto, o sector privado foi surpreendido pela magnitude da subida das taxas de juro. Na sua reunião de Janeiro, o comité aumentou a taxa de juro de política monetária, a taxa MIMO, em 300 pontos base, para 13,25%. Tal decisão, lembra Mussá, parece ter sido motivada por um ajuste das previsões relativas à inflação a médio prazo que as fez passarem a apresentar valores mais elevados.
“Tal ajuste teve em conta a depreciação contínua do Metical, as possíveis implicações fiscais negativas decorrentes do combate à Covid-19, os problemas de segurança e os acontecimentos ligados às alterações climáticas”, conclui o economista. (Carta)