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sexta-feira, 21 maio 2021 08:32

Mpanda Nkuwa ainda longe de sair do papel

Concebido em 2008, o projecto Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, a ser instalado a quase 60 Km a jusante da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), na província de Tete, centro do país, continua longe de sair do papel. O Governo informou, esta quinta-feira, que os estudos de viabilidade do projecto, realizados entre 2011 a 2012, vão à revisão.

 

A justificação apresentada pelo Director do Gabinete de Implementação do Projecto Hidroeléctrico de Mpanda Nkuwa (GMNK), Carlos Yum, é que os estudos realizados há quase 10 anos estão desajustados ao actual mercado de energia, no país e na região.

 

Trata-se de estudos de impacto ambiental, de mercado (interno e regional), hidrológico, bem como a actualização de questões económicas e financeiras do projecto, trabalho orçado em 25 milhões de USD suportados pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e Electricidade de Moçambique (EDM).

 

Falando em conferência de imprensa sobre o processo de implementação do projecto, Yum avançou que, para a realização de novos estudos, o Gabinete vai lançar, ainda durante Maio corrente, concursos que culminarão com a adjudicação, em Junho próximo, de firmas competentes para o efeito. A fonte precisou que os estudos a serem feitos deverão ser concluídos num período de 18 meses.

 

“Todo esse processo está a ser levado a cabo pelo Gabinete, em representação do Governo e em coordenação com várias organizações, como o Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, bem como países como África do Sul (através da empresa de electricidade local) e Zimbabwe. A consulta dessas organizações e países visa garantir questões de compliance, visto que o Mpanda Nkuwa é um projecto estruturante e complexo”, explicou o gestor.

 

Dirigindo-se a jornalistas, Yum explicou que, ainda em processo de desenvolvimento do projecto, o Gabinete que dirige tem, nos próximos meses, a missão de olhar para a estruturação legal e financeira do Mpanda Nkuwa. Nesta etapa, o GMNK deverá seleccionar um parceiro estratégico para financiar o projecto. Para o efeito, a fonte avançou que ainda este ano será lançado um concurso para a mobilização do financiador.

 

Segundo o Director da GMNK, o fecho financeiro, avaliado em 3.5 a 4 biliões de USD, está previsto para 2024 e será seguido pelo início de construção da barragem, que levará entre seis a sete anos. Do valor previsto, Yum detalhou que 60% se destinarão à barragem e o remanescente à construção da infra-estrutura de transporte de energia entre Tete e Maputo.

 

Todavia, antes do fecho financeiro, aquele gestor adiantou que será definida a participação do Estado na estrutura accionista da barragem, através da HCB e EDM, empresas responsáveis pelo desenvolvimento do projecto Mpanda Nkuwa. As projecções GMNK apontam para uma participação do Estado em níveis abaixo de 40%.

 

O Mpanda Nua deverá ser uma barragem com capacidade instalada prevista de 1300 a 1500 Megawatts. Segundo Yum, na fase de construção, a barragem poderá precisar de aproximadamente cinco mil trabalhadores e na fase de operação necessitará de cerca de dois mil trabalhadores fixos.

 

O projecto Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa foi concebido há quase 13 anos. O início de produção fora projectado para 2016, mas, de 2014 a 2017, a ideia foi esquecida. Todavia, em 2018, o projecto foi relançado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi. Nesse âmbito, criou-se o GMNK cujo Director, Carlos Yum, antigo Administrador da EDM, foi empossado em Junho de 2020. (Evaristo Chilingue)

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