A suspensão do Standard Bank (SB) do mercado cambial interbancário decorre de uma inspeção ainda em curso, por suspeita de contravenções alegadamente praticadas pelo SB. No âmbito desta inspeção, o BM está a visar a instituição (SB), o Administrador Delegado e um Director.
As inspeções do Banco de Moçambique tem procedimentos claros, como uma outra qualquer. O princípio do contraditório é uma regra de ouro. A suspensão violou esse princípio, porque a inspeção ainda não terminou. O BM devia era produzir suas evidências e confrontar o SB para se defender.
Mas não! O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, partiu para a acção como um Xerife endiabrado atirando pelas costas contra tudo e contra todos. E consta que o SB ainda não foi notificado da suspensão. E no banco central reina um ambiente com ar pesado, pesaroso. Há quem se sinta envergonhado. A suspensão vai contra as boas práticas.
Publicamente não se sabe do tamanho da gravidade das alegadas contravenções, ocorridas nas salas de mercados do SB (alegadamente, trata-se do comportamento da sua taxa de câmbio). Mas o efeito de uma suspensão como esta pode ser avassalador. O SB controla 45% do mercado cambial e a maior parte dos depósitos em moeda estrangeira. Trata-se de um banco sistémico, cuja estabilidade é essencial para a saúde da macroeconomia.
Há quem pense que estamos perante o corolário indireto da apreciação artificial da moeda de 65 para 55 Meticais por cada USD, decretada pelo BM há poucas semanas, numa atoarda contra os ditames do mercado. Um tiro no próprio pé. Como também foi este avanço contra todas as regras de bom senso.
Adivinham-se batalhas legais. E nisto de litigação, Rogério Zandamela é um perdedor nato. Perdeu contra os antigos gestores do Mozabanco, os fundadores do banco; perdeu contra Paulo de Sousa, antigo Administrador-delegado do BCI e tem às costas dezenas de processos cíveis de colaboradores do BM que ele colocou no olho da rua, sumariante, alguns sob a alegação de nepotismo.
Consta que no SB o ambiente é de acalmia. E que o banco vai declinar qualquer responsabilidade por eventuais efeitos nefastos no mercado. A procissão vai no adro! (Marcelo Mosse)