A robustez das empresas privadas caiu no terceiro trimestre de 2021. Dados partilhados esta terça-feira, em Maputo, pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), indicam que o Índice de Robustez Empresarial (IRE) apresentou, no período em análise, uma tendência de redução face ao segundo trimestre, de 29 para 26%.
Em briefing económico sobre o desempenho das empresas do sector privado, o Director-Executivo da CTA, Eduardo Sengo, explicou que a redução do IRE deriva, essencialmente, do aperto das restrições no âmbito do combate à Covid-19, aumento dos custos de transporte devido à recente crise global de logística, depreciação cambial e aumento dos salários mínimos.
Quanto ao ambiente macroeconómico, Sengo explicou que, entre o segundo e terceiro trimestre de 2021, se nota uma tendência de deterioração, tendo o Índice de Ambiente Macroeconómico registado uma queda em 3pp, de 50% para 47%, devido à depreciação cambial e aceleração da inflação, num contexto de manutenção das taxas de juros de crédito.
Apresentando os resultados da análise do desempenho das empresas privadas, o Director-Executivo da CTA disse igualmente que o trimestre em análise foi, também, marcado por mudanças legislativas que impactaram adversamente o ambiente de negócios, com destaque para a aprovação do novo regulamento de Selagem de Bebidas Alcoólicas e Tabaco Manufacturado que tem como impacto o agravamento dos custos do sector empresarial, sobretudo, as indústrias cervejeiras.
Contudo, a CTA não deixou de destacar medidas regulatórias que impactaram positivamente o ambiente de negócios, durante o período em referência. O destaque vai para a “eliminação da garantia provisória em concursos para contratação de empreitada de obras públicas e fornecimento de bens e serviços ao Estado; e aprovação da instrução que impõe maior disciplina na fiscalização rodoviária aos comandos provinciais da Polícia da República de Moçambique”.
Durante o evento, Sengo fez saber que a CTA introduziu nesta VI edição do IRE o Índice de Tendências de Emprego, que entre o segundo e terceiro trimestre de 2021 registou uma redução, de 111.24 para 106.46 empregos, o que representa uma queda de 4.74 pontos.
A fonte explicou que a queda do índice de emprego é explicada pela tendência desfavorável dos factores que representam a procura pelo factor de trabalho do lado das empresas, nomeadamente, a “disposição a contratar mais trabalhadores, número de vagas de emprego, e empregos temporários e em tempo parcial”.
Durante o último trimestre, a CTA notou ainda que o custo da mão-de-obra impulsionado pelo ajustamento do salário mínimo ocorrido no período em análise, de uma média de 8.000 para 8.320 Meticais, também contribuiu para a contracção deste indicador.
Para o IV e último trimestre de 2021, no geral, a CTA espera uma melhoria do desempenho empresarial devido ao alívio das medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, anunciado a partir de Setembro, que poderão contribuir para a retoma do funcionamento da máquina empresarial.
Embora o alívio das medidas recentemente anunciadas possa contribuir positivamente para o desempenho empresarial, a CTA defende a adopção de medidas excepcionais em sectores gravemente afectados pelas restrições, sobretudo, o ramo da hotelaria e restauração.
Das várias medidas, o sector privado defende a abertura das praias de segunda à sexta-feira, das 06 às 17h para os banhistas, assegurando o acesso à praia dos hóspedes dos hotéis com base numa senha que confirma a sua condição de hóspede, para os hotéis que estão à beira do mar, bem como o aumento do número de pessoas nos eventos sociais em recintos adequados ou que tenham cumprido com o protocolo sanitário.
A CTA espera igualmente a revisão do Regulamento para o exercício da actividade de agenciamento de navios, mercadorias e serviços complementares; aprovação do Regulamento para os provedores e utilizadores de internet; aprovação da Lei cambial e Regulamento geral do acesso à energia Fora da Rede. (Evaristo Chilingue)