Um agente da Polícia da República de Moçambique, afecto à 5ª Esquadra, na cidade de Nampula, está detido numa das celas da 1ª esquadra da corporação, indiciado de liderar uma quadrilha de malfeitores que aterrorizava os bairros de Nampaco e Namicopo, o maior e o mais populoso da capital da província.
Trata-se de um agente vulgarmente conhecido por Rock que também é chefe do sector na 5ª Esquadra da corporação. O agente da lei e ordem, agora nas celas, desde 10 de Novembro corrente, desempenhava um papel fundamental na definição de esquemas e planos operativos para 18 elementos, com a missão de assaltar e roubar em residências de particulares e estabelecimentos comerciais na calada da noite.
Além de instrumentos contundentes, segundo as autoridades de investigação criminal em Nampula, os indivíduos usavam uma arma de fogo, do tipo pistola, que se supõe tenha sido facilitada pelo agente da corporação.
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Nampula conseguiu prender apenas oito dos 18 elementos da “gang”, incluindo o seu líder, estando a monte o seu adjunto e outros comparsas.
O SERNIC diz que há muito que eram feitas denúncias sobre a actuação do grupo do agente Rock, mas num trabalho de investigação, seguido de uma denúncia de um assalto a uma residência, ocorrido no dia 7 de Novembro, foi finalmente detido um indivíduo em flagrante delito, tendo o mesmo assumido que o grupo era vasto e tinha como comandante da quadrilha o agente da Polícia e um estivador como seu adjunto.
Segundo a porta-voz do SERNIC em Nampula, Enina Tsinine, o agente “formava os grupos de acção, em colaboração com o seu adjunto, fazia distribuição e indicava zonas para poder assaltar e, no fim de cada operação, os elementos entregavam os bens ao agente para fazer a respectiva distribuição”, disse.
Um dos indivíduos de 25 anos, cujo nome omitimos, afirmou que trabalhava com o agente Rock há mais de um ano e que ele sempre comandou a quadrilha.
Entretanto, o agente nega todas as acusações e diz estar a ser vítima de perseguição dos seus próprios colegas, pelo trabalho exemplar e destemido no combate à criminalidade nos bairros onde supostamente é apontado como coordenador de malfeitores.
“O meu trabalho é contra gatunos, porque eu sou operativo da polícia e todo o gatuno certamente passa pelas minhas mãos, mas se eles dizem que sou chefe dessa quadrilha, peço que me provem”, disse o indiciado.
“A equipa de trabalho ainda não esclareceu o caso. Por favor, trabalhem para me darem todas as provas que ditam o meu envolvimento. Eu não conheço ninguém neste grupo”, acrescentou.
A porta-voz do SERNIC diz que a recusa do agente no seu envolvimento em crimes é normal, porque não esperava o contrário. “Nós fazemos trabalho diariamente e é normal que um arguido se recuse do seu envolvimento em actos criminais. Trabalhamos com provas e as provas estão lá e cabe ao Ministério Público ou ao Tribunal validar ou inocentar aquilo que são as provas apresentadas”, disse. (Carta)