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quarta-feira, 12 julho 2023 07:50

Vazamento de gás em Boksburg: famílias não têm dinheiro para transportar corpos para enterro em Moçambique e no Zimbabwe

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As famílias enlutadas que perderam os seus entes queridos durante o vazamento de gás mortal no assentamento informal de Angelo em Boksburg pedem ajuda para transportar os corpos para os seus países de origem. Dos dezassete mortos, dezasseis são de Moçambique e Zimbabwe, enquanto um era sul-africano. As famílias reclamam que estão a ser cobradas entre R8.000 e R15.000 para transportar os corpos dos seus parentes para Moçambique e Zimbabwe.

 

A questão da falta de fundos foi apresentada durante a visita esta terça-feira (11), da líder da Aliança Democrática (DA) em Gauteng, Solly Msimanga. Na semana passada, 17 pessoas morreram quando uma botija de gás foi aberta no assentamento informal de Boksburg.

 

Apenas um dos mortos, Syfred Sebyeng, de 56 anos de idade, era sul-africano. O corpo de Sebyeng já foi transportado para a sua casa em Bochum, no Limpopo.

 

A moçambicana Judite Manhiça perdeu seis familiares e disse que estava desesperada por ajuda. Os membros da sua família mortos na tragédia incluem o seu filho Samito Manhiça de 19 anos de idade e a nora Naira Manhiça de 20 anos. Outros parentes que morreram são: Jeremias Chivuri, de 34 anos de idade, Benedito Chivuri de 24 anos, Bonifácio Chivuri de 18 anos e Lázaro Mondlane de 36 anos de idade.

 

"Minha mente está perdida. Não consigo comer e dormir. Penso muito. Faço-me muitas perguntas e não encontro resposta. Porque eu? Porque isso aconteceu comigo?"  questionou Manhiça.

 

"Fui cobrada entre R8 000 e R15 000 por corpo. Estou desempregada." Manhiça disse que os seus familiares estão todos desempregados.

 

Patrick Manganye perdeu quatro entes queridos: a sua esposa, Clesta Ndlovu, de 29 anos de idade, o filho Lenmore Ndlovu, de 4 anos, o cunhado Siziwe Dube de 20 anos e a filha de Dube, Thembelihle Dube de 3 anos de idade. Eles eram todos do Zimbabwe.

 

″Os agentes funerários com quem falamos pedem entre R8 000 e R15 000 para transportar cada corpo.  Não temos fundos para transportar os corpos.  Estamos desesperados.  Estamos implorando para que alguém nos ajude", disse Manganye.

 

"Naquele dia fatídico, eu tinha chegado do trabalho quando a minha esposa se queixou de um cheiro forte. Saí pensando que vinha do lixo do vizinho. Ao abrir a porta, uma mulher caiu perto do nosso portão. Corri para a rua para ajudá-la. Eu pensei que ela tinha sido atacada. Enquanto eu me ajoelhava perto dela, tentando falar com ela, um homem veio e caiu perto dela. Eu me virei e vi minha esposa caindo. Perto [dela], estavam Lenmore e Thembelhle, que também caíram no chão. Eles ficaram inanimados", disse Manganye.

 

As pessoas sentiram cheiro de ovo podre, tentaram perceber de onde vinha, mas de repente começaram a entrar em colapso.

 

"Liguei para os parentes de Ndlovu que moram no nosso quintal para ajudar a levá-los para dentro de casa. Isso é tudo de que me lembro. Acordei na outra parte do assentamento informal onde as pessoas me forçaram a beber leite. Desmaiei novamente e acordei em [Tambo Memorial] hospital."

 

Lá ele foi informado de que a sua esposa, o filho, o cunhado e seu filho haviam morrido.

 

"Aquele gás foi mortal. Eles morreram instantaneamente após cair no chão. Tenho sorte de estar vivo. As suas famílias em Gwanda, no Zimbabwe, estão a comunicar-se comigo. Eles estão à espera para enterrar os seus corpos", disse Manganye.

 

"Não tenho dinheiro. Não sei onde conseguirei tanto dinheiro para transportar os seus corpos. Estou implorando pela ajuda de nosso governo."

 

O líder da Aliança Democrática (DA) em Gauteng, Solly Msimanga, prometeu que iria intervir e ajudar no repatriamento dos 16 corpos.

 

"Não podemos ter pessoas em morgues para sempre sem obter respostas. O governo tem a responsabilidade de oferecer enterros para aqueles que não podem pagar por eles. Vamos nos envolver primeiro com as vossas embaixadas. Senão, vamos perguntar ao Perfeito (Ekurhuleni) para usar fundos [discricionários] para ajudar.

 

"Pode haver pessoas que vão reclamar que eles [os falecidos] são estrangeiros ilegais. O facto é que pessoas morreram no nosso país. Não podemos jogá-los fora. Precisamos fazer o que precisa ser feito. O que aconteceu aqui é triste", disse Msimanga.

 

"A explicação que recebi é horrível. Precisamos ajudar essas famílias a encontrar um desfecho. Também é preciso encontrar aconselhamento. O humanismo está faltando aqui. Ninguém se importa em aconselhar as famílias. Vamos escrever para as embaixadas de Moçambique e Zimbabwe para encontrar formas de ajudar."

 

As autoridades sul-africanas dizem que a mineração ilegal levou ao vazamento de gás em Boksburg. (News24)

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