O Centro Internacional de Diálogo – KAICIID, com sede em Lisboa, realizou no fim-da-semana passado, um encontro de “sensibilização inter-religiosa” em Pemba, Cabo Delgado, no qual reuniu membros das comunidades locais, líderes religiosos e organizações da sociedade civil. Deste encontro, saíram compromissos a curto e longo prazo de promoção do “diálogo entre líderes religiosos e decisores políticos, como ferramenta de prevenção de conflitos” naquela região.
“Conseguimos reunir aqui alguns dos mais proeminentes decisores de Cabo Delgado e de Moçambique para demonstrar como o diálogo pode ser uma ferramenta poderosa para colmatar as diferenças e ajudar na prevenção de conflitos e no diálogo inter-religioso. Com todos estes intervenientes sentados à mesa e a analisar planos concretos para o futuro, estamos a construir relações fundamentais que perdurarão durante muitos anos”, afirmou, no fim do encontro, Agustin Nunez, director de programas do KAICIID para a região de África.
Marcaram presença nesta iniciativa elementos do Gabinete do Secretário de Estado para Cabo Delgado, do Conselho Inter-religioso de Moçambique, da Fundação Aga Khan, da associação Kuendeleia (associação de voluntários de apoio aos deslocados de Cabo Delgado), e do Instituto para o Desenvolvimento Económico e Social de Cabo Delgado (IDES CEPCI), entre outras instituições.
Numa declaração assinada pelos representantes das organizações presentes, foi sublinhada a “necessidade de um compromisso que fomente uma coexistência pacífica através do diálogo inter-religioso no norte de Moçambique”, adianta o KAICIID em comunicado.
Como resultado do evento, foi ainda nomeada uma comissão, composta por membros das comunidades locais, líderes religiosos e organizações da sociedade civil, “para o desenvolvimento local de iniciativas, com o apoio do KAICIID, que promovam a paz intercultural para contribuir para o bem-estar, prosperidade e, acima de tudo, segurança do povo moçambicano”, acrescenta o comunicado.
Muito recentemente, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos humanos dos deslocados internos, Paula Gaviria Betancur, que esteve de visita à província de Cabo Delgado, observou a enorme vontade das populações deslocadas de voltar para as suas casas, mas verificou também que “persiste a insegurança” e que as comunidades não têm como se auto-sustentar. (7MARGENS)