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terça-feira, 15 março 2022 09:26

O "DOM DA EXTORSÃO"

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O surgimento da Covid-19 no mundo aumentou a violência policial em vários países, em particular em Moçambique. A suposta protecção para que a pandemia não se espalhasse foi a grande justificação para que a violência impera-se. Nas grandes cidades do país, vários concidadãos conheceram a crueldade da polícia, com chambocos e humilhações públicas caso fosse encontrado a beber ou a circular fora do horário estabelecido - justificações não eram aceites e nem a educação cívica recomendada fazia-se sentir - foi assim desde 2020 até princípios do presente ano quando o Presidente da República, Filipe Nyusi determinou o relaxamento das medidas impostas para conter o alastramento da pandemia no país!
 
O estranho é que mesmo com a máxima frase do momento de que: "o país está aberto" - quem parece não estar de acordo são alguns agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos a Esquadra do bairro das Mahotas, no Distrito Municipal Kamavota, na Cidade de Maputo, que há dias, quando eram 21 horas protagonizaram um acto macabro equiparado a alguns filmes antigos de acção de produção indiana- onde o protagonista principal certas vezes era amarrado à uma viatura e arrastado pela Vila pelos vilões da sina! A ideia era intimidar aos moradores da respectiva Vila - e para quem assistia aqueles filmes, tinham todos algo idêntico - mesmo diante de tanto sofrimento da família do protagonista principal, nenhum membro da comunidade usava acudir o mesmo!
 
Não foi o que aconteceu há dias nas Mahotas, quando um grupo de agentes tentou extorquir uns cidadãos que consumiam bebidas alcoólicas na sua residência com amigos e familiares. Os homens trajados de azulinho, uma arma de fogo na mão, chambocos na cintura e um Mahindra decide invadir a residência - como quem diz nós mandamos em tudo por aqui e não existe lei que nós possa parar. Durante a "operação extorsão", a polícia algema um cidadão embriagado junto ao Mahindra enquanto lutava com os restantes populares que não se acovardaram - de empurrões e empurrões, alguns agentes abrem o fogo, com disparos para o chão, como forma de intimidar, mas em resposta, a população começou a atirar pedras contra os agentes.
 
Sem mecanismos de travar a fúria popular, é quando o motorista do Mahindra liga a viatura e começa arrastar o cidadão algemado ao veículo. Aquele acto agudizou a raiva popular que cercou o Mahindra. Aflitos pediram reforço de outros agentes que rapidamente fizeram-se ao local com mais três carros- o local conhecido como Abu Dhabi - transformou-se num campo de guerra. Com o som das balas que se intensificaram, os populares renderam-se e foram recolhidos para os calabouços mais de 10 cidadãos.
 
Chegando na esquadra, o dom da extorsão começasse a manifestar - quem quisesse ser solto era só massagear a brigada operativa com 30 mil meticais! Inconformados alguns anciões do bairro dirigiram-se ao local para ter com o comandante da esquadra que estranhamente disse na cara das pessoas que não tinha autorizado e muito menos sabia de que teria acontecido aquele acto macabro em plena noite. Convocado o chefe das operações da mesma esquadra, eis que responde que também não sabia - o caso sério de violação de direitos humanos transformou-se em comédia, porque nenhum dirigente máximo da instituição sabia o que terá acontecido - a culpa morreu solteira como sempre!
 
Na senda dos velhos âmbitos do pico da Covid-19, na mesma esquadra, durante o final de semana, um outro grupo de homens fardados a azulinhos saíram do seu posto de trabalho para um bar sito nas barbas das bombas Puma, ao longo da Avenida Dom Alexandre, onde teriam tentado extorquir um agente económico, que prontamente disse que não havia facturado nada naquele dia e o único valor monetário que tinham eram 25 meticais. Insistindo disseram se não podiam trocar com uns petiscos, tendo o cidadão se recusado!
 
Vejam só os hábitos que as medidas de contenção ao alastramento da Covid-19 trouxeram para os nossos homens da Lei e ordem - depois de dois anos comendo sem parar e lesando o pacato cidadão que o "único seu pecado foi nascer num país, onde ser pobre é Lei!"
 
É importante distribuir o actual decreto presidencial que relaxou as medidas ou não, desenhar em banda desenhada e entregar a todos agentes para que saibam que aqueles tempos das vacas gordas em nome da Covid-19 já se foram, agora a pandemia é o fight Ucrânia - Rússia!

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