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sábado, 11 março 2023 09:46

‘POVO NO PODER’, HOJE SEM PODER!

Escrito por

mano azagaia v3 min

Em Memória de Edson da Luz (Azagaia) (1984–2023).

 

Sei que teu sonho sempre foi

Povo no poder um dia ver

Sei que tua luta sempre foi

Teus irmãos sustento e comida suficiente ter

Povo no poder, hoje sem poder!

 

Sei que pelos teus irmãos lutaste

E contra As Mentiras combateste

Para que sua Babalaze não fosse de tentação

Mas de extrema revolta contra a fraternal exploração

Da tua amada terra que hoje pranteia endividada e em chamas

Povo no poder, hoje sem poder!

 

Sei que pelas tuas amadas irmãs

Versos e cantos diversos grafaste

Para que seu real e maior tesouro

Não fosse apenas capulana em seu corpo envolto

Ou em uniões promíscuas com estrangeiros

Mas a pujança das mamanas dos mercados e machambas

Que como Josina, embora sem Machel,

Vergam as mãos e lutam para a miséria vencer!

Povo no poder, hoje sem poder!

 

Sei que muitas Mentiras da Verdade em vida ouviste

Sobre Mondlane, Urias, Samora e até Dhlakama

Cujos detalhes ainda hoje somente jazem

Encriptados em cavernas dos deuses da governação!

 

Sei que continuarias a escrever

Sobre as desgraças de Matalane e Ndlavela

Esboçadas em espaçosos escritórios

Com carimbos de conhecidos grandes chefes

E em motéis implementadas à luz de vela

Cujas sequelas ainda hoje entre nós ressoam

Mesmo assim, similar aos tantos casos de rapto,

De mulatos, monhés e nossos irmãos em Cabo Delgado,

Enterraram-se as provas da real investigação!

 

Sei que continuarias a escrever

Sobre o patriotismo de Cardoso e Siba Siba

Cujos pormenores ainda se encontram algemados

Em conhecidas Procuradorias e Tribunais

Similares à tenda das revelações das dívidas semi-políticas

Escoltados por famigerados Esquadrões da Morte!

 

Sei que continuarias a escrever

Sobre os nossos vastos e raríssimos recursos

Que apenas ao povo favorece em vazios discursos!

 

Sei que continuarias a escrever

Sobre o nosso abundante Petróleo e Gás

Cujos benefícios apenas nos chegam

Em agabinetados relatórios e páginas de jornais!

Sei também que continuarias a escrever

Sobre os dados das nossas adoentadas eleições

Cujos resultados são em conluio e politicamente aprovados

Em rodas monetárias secretas, carimbados debaixo de lençóis!

 

Sei ainda que um dia havias de escrever

Sobre as nossas famosas três refeições

Que de Roma em nossas telas invadiram

Suplantando casos de crónica e aguda desnutrição

Que também se vê em nossa saúde e educação

Espalhados pelos cantos desta Pátria desleixada

Que caminha ao ritmo de teoria txova xitaduma!

 

Ainda sim, sei que também sabes

Que o verdadeiro aroma destas três doações, aliás refeições

Somente ao de longe pobremente sentimos

Em pátios de indivíduos muito bem partidarizados!

 

Sei que continuarias a escrever

Sobre a nossa tão desgastada educação

Em Labirintos intencionalmente desenhada

Para deformar a tua e Minha Geração

Ensinando-a o ABC das Mentiras da Verdade

Que manterá este povo muito longe do poder!

 

Mesmo assim, sei que ainda sonhas um dia ver

Esta nossa juventude não mais adormecida

E como verdadeiros Soldados da Paz, desentorpecida

Rumo à marcha da revolução democrática!

 

Sei também que um dia quererás ver

E em páginas de jornais grafadas um dia ler

Quanto nossos heróis de libertação nacional

Que o povo finalmente ganhou coragem

E diante de todos matou o individualismo

Para juntos e como Nação, dar à luz ao associativismo

Que conduzirá este tão sofrido povo ao poder!

 

Povo no poder, hoje sem poder!

 

Sei também que sonhas com um dia

Em que a consciência patriótica e nacional

Triunfará sobre os deslizes do estômago individual

E a tinta que a cada quinquénio nossos polegares suja

Finalmente conceberá o tão aguardado milagre

De o povo colocá-lo no poder!

 

Sei que ainda sonhas com um dia

Em que esta demo que chamamos cracia

Finalmente estará a favor do teu povo

E através de Testemunhas Alternativos

Derrubará os Cães de Raça da Maçonaria

Que Vendem o País com Memorandos de Entendimento

Que nos fazem calar e sequestram a revolução  

Para desenhar uma nova estratégia da Nação

Que levará este povo ao poder!

 

Povo no poder, hoje sem poder!

Sir Motors

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