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quarta-feira, 03 abril 2024 20:09

40 anos de carreira de Stewart: Um show entre a chuva que vincou a hipérbole

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Primeiro não passava de uma hipérbole: “Chuva de Afetos”, para designar o espetáculo que se queria único, íntimo, simbólico e solidário. Stewart Sukuma celebrava 40 anos de carreira, dentro de um movimento iniciado em 2022 numa série de digressões e iniciativas sobre meio ambiente, cidadania, igualdade de género e direitos humanos. Depois, no terreno, Galeria do Porto de Maputo, no dia 30 de março, veio a apoteose, indubitável, com a chuva e os afetos reais a vincarem o exagero. A energia extasiou a plateia que mesmo ameaçada pela chuva não abandonou o espaço.

 

Na verdade, não foi exatamente um concerto. Foi uma história de vida, uma rapsódia de canções emblemáticas que ainda ecoam no imaginário dos seus fãs. E foi isso que tornou o evento emblemático. A seleção dos artistas convidados, a união de artes, as performances, o espaço, o dia, a hora, as luzes, o som, o alinhamento das músicas… um espetáculo montado com rigor e cuidadosamente coreografado e com reações positivas.

 

Stewart Sukuma ganha, todavia, nesta roda artístico-musical pela sua história, pela idade, pela persistência. Conhece o seu público e, aos 40 anos de carreira, já sabe o que exatamente esperam, detestam e/ou gostam. Por isso, como “divo”, conseguiu colocar a multidão em devoto, desde o primeiro minuto do show, numa clara observância física e emocional da Terceira Lei de Newton. Foi assim na interpretação de “Tingalava”, “Olumwengo”, “Wulombe”, “Why”, “Moçambique”, “Felismina”, “Male”, “Ezamany kim’bediwa”, “Xitchuketa Marrabenta”, “Caranguejo”, “Vale a Pena Casar”, entre outros temas.

 

Facto é que não é a primeira vez que Stewart consegue controlar o seu público, colando-o a dançar, a cantar e/ou a interagir sempre que necessário. A sua versatilidade permite; reinventa as suas canções, envolve gerações e mistura sempre elementos novos como forma de inclusão artística. No sábado, por exemplo, a dramatização e a dança, o rapper, o gospel e o afro jazz formaram uma unidade temática que criaram uma nova atmosfera nas músicas participadas por K9, Nelton Miranda, Nandov Matsinhe, May Mbira, Sizaquel Matlhombe, Otis, Lenna Bahule, Valdemiro José, Alfa Thulana, Deotado Siquir, Xixel Langa, W Tofo, e outros.

 

São nomes e elementos que se destacam pela sua qualidade. Cada um tem um percurso artístico cujos anos podem ser avaliados em função dos resultados da forma como se relacionam com essa arte. Para Xixel Langa, por exemplo, aplica-se a máxima do filhinho do peixe. A sua entonação é de arrepiar e os seus passos uma intensa ousadia.

 

Ao Nelton e Otis à máxima do vinho, quanto mais velhos melhor. A dupla W Tofo dispensa comentários, pois, como sempre, não deixa espaços para defraudação. E é o mesmo que se diz da Banda Nkuvu, agora mais vigorante, energética e madura. E tem sido assim os últimos anos, em atuações dentro e fora do país.

 

Em quase quatro horas do show, as energias foram aumentando, música após música. Outros que também atuaram no sábado são os meninos do Coro dos Little Singers da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa. A presença destes alunos inseriu-se no âmbito da parceria e relação de amizade de longa data que une o artista à Escola e que se vem concretizando em inúmeras ações. A receita do espetáculo foi destinada a uma instituição de cariz solidário, a "Associação dos Bons Sinais", de Quelimane.

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