Na terra dos Muzaias nasceram reis, plebeus e bárbaros. O poder local foi sempre repartido por membros destes três grupos. A autarquia é rica, produtiva, com terrenos extensos e devidamente localizados. Na verdade, todos que lá conhecem, querem ter espaços extensos para construir mansões, vivendas e hotéis, mesmo que seja para arrancar ou usurpar dos nativos. Por lá, a Lei está sempre do lado do homem de fato e gravata, linguagem aportuguesada ou dialecto branqueado.
Na terra dos Muzaias, chegar ao poder exige lealdade e mudança total do cérebro e da forma de estar e ser dentro do partido. Até para se recolher dinheiro de projectos e usar para fins alheios, não precisa de um exercício magistral basta ter parentes no sector da Justiça e protecção política total.
É assim, pelo menos, como vive o jovem autarca da terra dos Muzaias, que ascendeu ao poder em meio a várias trafulhices. Ele teve um primeiro mandato de fotos bonitas, boas aparições da mídia corrupta e inaugurações que agradaram até aos inimigos.
Entretanto, o que ninguém sabia é que por detrás daquele discurso refinado havia milhares de munícipes que estavam a ser expropriados das suas terras e machambas.
Ninguém imaginava que o autarca estava a construir obras com dinheiro proveniente de golpes palacianos. Ninguém sabe que o autarca tem uma dívida que não para de subir com o Tribunal Administrativo, avaliada em 900 milhões de meticais.
O autarca é sortudo! É visto, até ao momento, como o único para segurar a terra dos Muzaias, enquanto se prepara um candidato à altura para gerir aquele território bastante cobiçado.
O autarca da “terra dos Muzaias” sabe calar os oponentes, mesmo em plena votação do Plano Anual ou Orçamento Rectificativo da autarquia em que o seu partido tem uma maioria relativa e a oposição junta e unida pode o derrubar.
Contudo, estranhamente, o homem conseguiu amarrar e estar a dar de comer membros de Assembleias Municipais dos outros partidos, que sempre votam ao seu favor ou inventam que estão doentes no momento certo, acabando por defraudar aqueles que a muito esperavam pelo momento para encostar o homem.
O tipo é um estranho. Consegue gerir um território onde não visita certas zonas porque a população que dirige se cansou dele e chegou até a ameaçar-lo de morte.
O autarca da “terra dos Muzaias” por tanto medo de ser exposto na mídia, chegou a pagar a um prurido jornalista e gestor de um vende manchetes da praça dois camiões com mais de 500 sacos de cimento e pedras para que não se tornassem públicos os seus crimes na autarquia dos Muzaias, uma vez que na justiça ninguém o toca.
Na terra dos Muzaias, os pássaros cantam tanto em árvores separadas que, quando chega a hora da verdade, não conseguem despejar as fezes de uma vez só na cabeça do autarca.
O cenário é lastimável. Os grupos de interesse capturaram a autarquia. A humildade do homem desapareceu num zás. Pelo que a actual estratégia do seu grupo partidário é investir na imagem de um outro jovem, que nos últimos tempos passa a conversar e a comer com vendedores de recargas de telemóvel, passando as noites com os moradores de rua e engraxando sapatos, sempre que vai ao escritório, em plena rua. O objectivo é a promoção de uma imagem que o homem não tem, como demonstrou quando estava na terra do Mapiko!
Os projectos mal-parados, na terra dos Muzaias, são tantos, que por falta de seriedade chega-se a abrir concursos para a reabilitação da mesma estrada num ano, mais de seis vezes, mas os problemas prevalecem.
Coitados dos munícipes da terra dos Muzaias, que escolheram aparência em vez de cabeça e desenvolvimento. Também, foi sempre assim. Lembremos que Pablo Escobar chegou a ser, ainda que por pouco tempo, membro do senado da Colômbia. O povo votou nele!
Hoje, na terra dos Muzaias, ver o autarca virou milagre. É tanta coisa parada e mal explicada que o homem pensa que vive numa montanha ao lado de um super-homem nietzschiano, do tipo Zaratustra. Assim é o autarca da terra dos Muzaias!!!