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quinta-feira, 08 abril 2021 13:12

O Director que desmaiou na visita presidencial!

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Nos anos 70 e 80 do século XX, Moçambique era dirigido pelo presidente Samora Moisés Machel, um dirigente carismático e exigente. Samora Machel queria membros do seu governo comprometidos com o saber e bem-fazer, assim como a valorização da coisa pública. A exigência era para todos. Independentemente do posto governamental que ocupasse.

 

Para tal, uma das fórmulas encontradas para combater a ociosidade, incompetência, nepotismo e sabotagem era realizar visitas não informadas – como acontece nos tempos hodiernos, em que os dirigentes ficam meses se preparando para convencer o presidente que estão a trabalhar. Sucede que, num belo dia, depois de ouvir várias reclamações de uma empresa pública, o presidente Samora Machel decide visitar a mesma…!

 

Na empresa, onde o dirigente assumiu todos adjectivos pejorativos dos tempos do socialismo em execução, o Director da empresa é encontrado de surpresa, com as tripas do peixe espalhadas pela fábrica toda. O homem estava sem maneira – viu na mentira um mecanismo de autodefesa- que não resultou!

 

Começou o diálogo:

 

Presidente Machel -  "Senhor Director! Estamos numa empresa do povo moçambicano. Reconhece? O vosso trabalho é produzir para que o povo consuma e o país desenvolva. Mas não é isso que acontece nesta empresa. Podes nos explicar?"

 

O Director - "Senhor Presidente, o nosso trabalho tem corrido da melhor forma possível, mesmo com dificuldades, mas nós cumprimos as metas…!"

 

Presidente Machel - "Não é verdade. O Senhor é incompetente e esta prejudicar o desenvolvimento do povo. És um sabotador e inimigo do povo moçambicano. Vamos passar de corredor em corredor, quero ver este bom trabalho que dizesses estarem a fazer. Vamos!"

 

Começa a visita – o Director vem que tudo seria descoberto e confirmado por S. Excia e pede para ser substituído por seu adjunto, porque estava com problemas intestinais… e assim foi a casa de banho, fingindo estar a passar mal.

 

Minutos passaram…mas o presidente Samora continuou a circular pela fábrica. O director pensado que ficaria pela casa de banho até a saída da instituição do presidente Machel (...) 30 minutos passaram e o presidente Samora Machel vê um conjunto de máquinas empoeiradas e acantonadas num local e trabalhadores sem actividades, e diz, é disso que eu falava, sobre sabotadores, preguiçosos e inimigos da independência e da revolução do povo moçambicano. Em seguida, pergunta, onde está o Director – o adjunto responde que ele foi à casa de banho. O Presidente diz, onde fica a casa de banho e os trabalhadores apontam em coro.

 

Calmamente, o Presidente Machel dirige-se a casa de banho e começa um monólogo em língua materna Xichangana…"o homem é mau. Está visitar tudo e a perguntar sobre o trabalho, nós já estamos cansados…" com o monólogo, o Director da fábrica que estava a esconder-se na casa de banho e aflito, pensando que era seu adjunto, pergunta - Wena Alberto, aquele chato já foi?

 

De uma forma calma, o presidente Samora que o aguardava do lado exterior da porta da casa de banho – responde: "sim – podes sair. Estou aqui à sua espera." – o homem entrou em choque e desmaiou na casa de banho, e sem alternativas o homem foi exonerado e enviado para o campo de reeducação…!

 

Texto escrito baseando-se numa história real, ocorrido num dos anos da administração Macheliana (1974 – 1986) e testemunhado por vários quadros do período preferiram não serem citados pelo autor.

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