Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
quarta-feira, 21 julho 2021 08:34

A coexistência da trindade assimétrica: Covid-19, farras periféricas e “mão leve da Polícia”

Escrito por

A Covid-19 está a matar! Os números de pessoas infectadas não param de crescer. Os entendidos da matéria andam apavorados, mas, infelizmente, os boémios nada disso entendem.

 

Na cidade de Maputo, por exemplo, em bairros periféricos, as festas continuam ao rubro. As pessoas ainda bebem à moda alemã. Festejam como adeptos ingleses em partidas entre clubes rivais como Liverpool e Manchester United. Na capital, se caminhares em bairros como Magoanine, Laulane, Hulene, Mahotas, Chamanculo, Inhagoia, entre outros, percebes de antemão que alguns moçambicanos não mudam, mesmo com a já conhecida teoria dos 21 dias de repetição, mediante a qual, desde 2020, se canta e grita para usarmos máscaras, nos distanciarmos, ficarmos em casa, ou bebermos água de 15 em 15 minutos. Campanhas e apelos são feitos em todos os canais, entretanto, as pessoas fazem ouvidos de mercador.

 

E com efeito, a Covid-19 está a matar! Os nossos vizinhos estão a desaparecer. Porém, os cépticos ou negacionistas questionam sobre o paradeiro das pessoas que morrem desta já conhecida doença. “Nunca vi uma vítima sequer, por isso, deixem-nos curtir!” – Assim dizem os farristas da capital e de outras zonas do País, para os quais a máscara, o distanciamento social, bem como a lavagem das mãos são insignificantes regras científicas, pelo que, podem beber até suas almas abandonarem os seus pobres corpos.

 

Estranhamente, mesmo diante de certas operações televisionadas, mediante denúncias de vizinhos conscientes ou insatisfeitos, alguns Chefes da Polícia com negócios particulares na área de restauração, outros com parentes que operam nesta área, amigos e amantes que têm bares, restaurantes ou barracas, continuam a fazer das suas, protegendo locais onde vários farristas se embebedam e desgraçam não somente as suas almas, mas de tantos outros que nem sequer disso se apercebem.

 

Em bairros como Hulene, Magoanine ou Mahotas, até alguns polícias são imobilizados e impedidos de prosseguir com as operações em determinados lugares, alegadamente porque o local onde se vende álcool é de um grande Chefe da Corporação. Assim, todos os agentes escalados para fazer valer o Decreto Presidencial de Estado de Calamidade Pública querem parte da receita no final do dia – o resto não importa – as pessoas podem continuar a ser infectadas ou a infectar-se, porque só assim é que a bolada policial se manterá em pé. 

 

Por conseguinte, a pandemia da Covid-19, na capital e noutros centros urbanos, virou o braço direito das gangues corruptas. Ela aumentou a renda diária, semanal e mensal dos destacados. Por isso, as brigadas policiais descobriram uma forma de trabalhar – chamar a imprensa ressonante e fingir que estão a trabalhar, dar a palavra ao Porta-voz que, em seguida, põe-se a deslindar nas câmaras de filmar, e assim o dia se vai.

 

Contudo, nos locais-chave, onde as festanças continuam a acontecer, ninguém mostra força e educação para impedir a contínua expansão do vírus maligno que, embora não seja nas dimensões da Malária, Cólera, HIV-SIDA, Ébola, Meningite e Tuberculose, está a matar e paralisar a normalidade quotidiana e os planos de diversas famílias no mundo inteiro! 

Sir Motors

Ler 1846 vezes