O Banco de Moçambique prevê dias de maior pressão devido à subida de preços, a curto prazo. O Banco Central apresentou esta previsão após a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) da instituição, havida esta quinta-feira (19), que decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 15,25%.
O Banco Central justificou a decisão tendo em conta as perspectivas de manutenção do agravamento do nível geral de preços (inflação) num dígito no médio prazo, não obstante os elevados riscos e incertezas associados a estas projecções, com destaque para os efeitos da tensão geopolítica na Europa. “Entretanto, no curto prazo, a inflação continuará elevada, reflectindo o impacto do ajustamento dos preços dos bens administrados”, alerta a instituição em comunicado.
Na nota de imprensa, o Banco de Moçambique lembra que, em Abril passado, a inflação anual acelerou para 7,9%, contra 6,7% em Março, a reflectir o aumento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares. No entanto, constatou que a inflação subjacente, que exclui os preços dos bens e serviços administrados e das frutas e vegetais, e que é impactada pela política monetária, mantém-se estável. A médio prazo, a instituição prevê a manutenção da inflação num dígito, favorecida, em parte, pela estabilidade do Metical.
“Os riscos e incertezas associados às projecções de inflação continuam elevados. A nível interno, destacam-se as incertezas quanto à magnitude do aumento dos preços dos bens administrados, com destaque para o combustível e seus efeitos sobre os preços de outros bens e serviços. A nível externo, mantêm-se os constrangimentos nas cadeias de fornecimento de bens e o conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia, com impacto no aumento do preço do petróleo e dos bens alimentares no mercado internacional”, detalha o documento.
Após o último CPMO, o Banco de Moçambique relatou ainda que se mantêm as perspectivas de crescimento económico para 2022 e 2023, após o Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido 4,1% no primeiro trimestre de 2022, reflectindo o contínuo alívio das medidas restritivas para a contenção da Covid-19, que impulsionou sobretudo a hotelaria e restauração, e a melhoria da procura externa que, por sua vez, favoreceu o desempenho da indústria extractiva.
A curto e médio prazo, o Banco de Moçambique diz que se mantêm as perspectivas de recuperação económica, sustentadas, adicionalmente, pela execução dos projectos energéticos em Inhambane e na bacia do Rovuma, num contexto de retoma do programa com o Fundo Monetário Internacional.
O Banco Central refere ainda que continua a pressão sobre o endividamento público interno. Concretamente, apontou que a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 245.6 biliões de Meticais, o que representa um aumento de 26.7 biliões em relação a Dezembro de 2021.
Por fim, o comunicado assinado pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, refere que as perspectivas macro-económicas recentes são consentâneas com a manutenção do actual nível da taxa MIMO no curto prazo, por forma a garantir uma inflação baixa e estável, principal objectivo do Banco de Moçambique.
“O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções de inflação e não hesitará em tomar as medidas correctivas necessárias”, assegura a instituição. (Carta)