Criada a 11 de Setembro de 2018, no Cartório Privativo do Ministério da Economia e Finanças (mesmo local onde nasceram as três empresas “caloteiras”), com objectivo de gerir o “fardo chinês”, a Rede Viária de Moçambique (REVIMO) tornou-se, em quatro anos, a maior concessionária de estradas do país, gerindo um total de 679,7 Km.
Nos 679,7 Km de estrada que a concessionária gere foram instaladas 16 praças de portagem, sendo quatro na Estrada Circular de Maputo (71,4 Km), três na Estrada Nacional Nº 6 (286 Km), uma na ponte Maputo-KaTembe, uma na estrada Boane-Bela Vista (66,8 Km), duas na estrada KaTembe-Ponta D’Ouro (120 Km), uma na estrada Marracuene-Macaneta (12 Km), uma na estrada Macie-Praia do Bilene (32,7 Km), duas na estrada Macia-Chókwè (63,4 Km) e uma na estrada Chókwè-Macarretane (27,4 Km).
Com objectivo de apurar com que distâncias (de separação) a REVIMO instala as suas portagens, “Carta” dividiu o total de quilómetros geridos pela concessionária pelo número total de portagens por ela instaladas e apurou que, em média, a empresa instalou portagens em cada 42,5 Km.
Regra geral, as portagens devem ser instaladas a cada 100 Km, porém, em média, a REVIMO instalou duas portagens em cada 100 Km. Caso se aplicasse a regra de uma portagem em cada 100 Km, dos 679,7 Km de estrada que a concessionária gere, deviam ter “nascido” entre seis a sete portagens. Significa, por exemplo, que na Estrada Nacional Nº 6 deviam estar instaladas apenas duas portagens; pelo menos uma portagem na estrada Macia-Chókwè-Macarretane; e nenhuma portagem devia ser instalada na estrada Macia-Praia do Bilene.
Das 16 portagens, 12 já estão em funcionamento, estando instaladas em estradas construídas com recurso à dívida contraída pelo Governo de Armando Emílio Guebuza ao Exim Bank da China. As restantes portagens ainda não entraram em funcionamento, aguardando a conclusão das obras de reabilitação das respectivas estradas (Macia-Praia do Bilene e Macia-Chókwè-Macarretane).
Especialistas ouvidos pela “Carta” defendem a revisão do sistema de portagem e dos contratos celebrados com a REVIMO, pois, no seu entender, no lugar de permitir o usuário contribuir na manutenção das vias, acaba asfixiando o seu bolso, enquanto enriquece um “punhado” de gente. As fontes questionam, por exemplo, as razões que ditam a concessão de estradas construídas com fundos públicos, no lugar de concessionar vias em que a REVIMO irá construir de raiz.
Refira-se que a REVIMO surge em consequência da nova política do Governo de Filipe Jacinto Nyusi, de cobrar dinheiro a todos os utilizadores das estradas nacionais para garantir a sua manutenção. Na nova “estratégia”, o Governo e as concessionárias não criam vias alternativas para os automobilistas, obrigando estes a suportarem as elevadas taxas de portagem.
Sublinhar que a Estrada Nacional Nº 6, sob gestão da REVIMO desde 2019, encontra-se cheia de buracos, apesar de os utentes pagarem entre 40,00 e 1.110,00 Meticais em cada uma delas. O mais gritante é que, no lugar de tapar os buracos com asfalto, a REVIMO recorre a lancis. (Carta)