O coordenador do Teatro Operacional Norte nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique disse sábado que dezenas de rebeldes foram abatidos durante a operação que culminou com o assalto à principal base dos insurgentes em Macomia, na província de Cabo Delgado.
“As nossas forças em operações abateram dezenas de terroristas e apreenderam material bélico e informático”, disse Omar Saranga à comunicação social estatal em Macomia, durante uma visita à base Catupa, que era considerada estratégica para os rebeldes e que foi assaltada pelas forças governamentais há três semanas.
A base Catupa estava localizada numa mata densa do distrito de Macomia e albergava rebeldes que fugiram das operações militares que culminaram com a recuperação de Mocímboa da Praia, em agosto do ano passado.
Durante a operação para a tomada da base Catupa, as forças governamentais apreenderam material bélico, em quantidade não especificada, e computadores, bem como rádios de comunicação que eram usados pelos rebeldes para coordenar ações.
As forças governamentais posicionadas no local apresentaram um homem que alega ter sido um segurança de um dos líderes dos rebeldes que estavam em Catupa, um jovem que se terá rendido aos militares durante a incursão.
“Ele é um exemplo daqueles moçambicanos [que estão com os rebeldes] para os quais apelamos sempre que se entreguem às nossas forças. Como podem ver, ele não está maltratado. Ele tem um dos braços amputado, mas isto foi feito por um dos terroristas [o líder para o qual alegadamente o jovem trabalhava]”, explicou Omar Saranga.
A operação que resultou na tomada da base Catupa foi anunciada pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, há uma semana, tendo avançado que, durante os confrontos, um dos líderes dos rebeldes que aterrorizam Cabo Delgado desde 2017 foi abatido.
Para o Presidente moçambicano, a morte de um dos líderes dos rebeldes e a tomada de uma base estratégica não significam o fim da luta contra o terrorismo no Norte de Moçambique, embora o inimigo esteja "fragilizado". “Não estou a dizer que o problema acabou”, frisou, na altura, Filipe Nyusi.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural e tem sido aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio. (Lusa)