As temperaturas mais altas do mar no Canal de Moçambique causadas pela emergência climática tornaram os ciclones Idai e Kenneth de 2019 particularmente devastadores. Eles mataram mais de 1.000 pessoas em Moçambique, deslocaram outras 420.000 e os custos de reconstrução foram estimados em US $3,2 bilhões.
Mais de três anos depois, o apoio de doadores e credores atingiu US $1,2 bilhão, disse o ministro das Obras Públicas, Carlos Mesquita, numa reunião do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone (GREPOC) na Beira, em 27 de outubro. Mas US$ 2 bilhões ainda não foram desembolsados.
O dinheiro continua a entrar, mas muito lentamente. O director executivo do GREPOC, Luís Mandlate, disse em Setembro que o governo arrecadou 42 milhões de dólares para a reconstrução de 6.672 casas na Beira, a partir de Novembro, três anos e meio após o ciclone.
O ciclone Ida teve uma sequência altamente incomum e atingiu a Beira e o centro de Moçambique duas vezes, entre 4 e 15 de março de 2019. A Organização Meteorológica Mundial em 20 de março de 2019, classificou-o de "um dos piores desastres relacionados ao clima no hemisfério sul". O ciclone Kenneth atingiu Cabo Delgado no dia 25 de abril com ventos sustentados de 220 km/h, tornando-se o ciclone mais intenso da história de Moçambique.
Os ciclones acumulam sua energia a partir do calor retirado do mar no Canal de Moçambique, e pesquisas recentes da Universidade da Cidade do Cabo mostram que o canal de Moçambique está sujeito a crescentes "ondas de calor marinhas". A emergência climática pode ser medida pelo aumento da temperatura do mar. (JH)