Uma semana depois de o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, ter-se queixado da falta de fixação de pensões dos combatentes já desmobilizados, no âmbito da implementação do processo de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros da Renamo, o Chefe de Estado veio, esta terça-feira, contrariar estas alegações, referindo que a pensão já foi definida e em conjunto com a Renamo.
Segundo Filipe Nyusi, o único entrave que se verifica neste momento está relacionado com a sustentabilidade da pensão e do momento em que a mesma será implementada, visto que “é preciso ter sustentabilidade”.
“Em conjunto com a Renamo, estamos a estudar uma forma sustentável de instituir a pensão para este grupo de moçambicanos [guerrilheiros da Renamo], de modo que os nossos compatriotas se possam integrar na sociedade de forma digna e produtiva sem ter de viver distantes dos seus familiares”, afirmou o Presidente da República, durante a apresentação, na Assembleia da República, do seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação.
“O conceito pensão já foi conseguido. O que está em causa agora, e que fique claro, é a sustentabilidade da pensão e em que momento arranca (…), porque o universo que nos foi presente, quando se faz as contas, é preciso ter sustentabilidade, pois, não basta ser entregue um cheque amanhã. É preciso ter o anzol para sempre criar peixe. É o que está a acontecer”, explicou o Chefe de Estado.
Para além da sustentabilidade, disse Nyusi, a pensão a ser paga aos antigos guerrilheiros da Renamo está também dependente do nível de seriedade a ser demonstrado pelas partes na implementação do DDR. “Temos estado a trabalhar com a comunidade internacional e a credibilidade do próprio processo é que vai ajudar a decisão sobre as pensões”, defendeu.
O pagamento de subsídios, o enquadramento dos desmobilizados na Polícia da República de Moçambique e a fixação de pensões, refira-se, têm assombrado o processo de DDR, que teve seu pontapé de saída a 29 de Julho de 2019.
Aliás, as “revelações” do Presidente da República chegaram 24 horas depois de ter falhado o encerramento da 16ª e última base da Renamo, localizada na Serra da Gorongosa, província de Sofala. Informações avançadas pela STV na noite de segunda-feira indicam que o facto se deveu a uma sabotagem, protagonizada por parte dos 350 guerrilheiros que se encontram acantonados naquele ponto do país.
Na sua alocução, o Chefe de Estado não se pronunciou sobre este assunto, mas garantiu haver condições para, a qualquer momento, se atingir a meta definida, que é de desmobilizar 5.221 guerrilheiros da Renamo e encerrar 16 bases.
Neste ano, sublinhe-se, foram encerradas três bases militares do braço armado do maior partido da oposição, a saber: Cuamba (Niassa), Mocuba e Morrumbala (na Zambézia). (A.M.)