O filho do antigo Presidente de Moçambique, Samora Machel, insurge-se contra a violenta repressão policial visando manifestantes populares que pretendiam honrar, ontem, sábado, a memória do “rapper” Azagaia, que morreu no passado dia 9 de Março por causa de uma alegada crise epilética. Eis o texto íntegral de Samora Júnior, publicado na sua página do Facebook:
“O Preâmbulo dos Estatutos da FRELIMO afirma que nós, Mulheres, Homens e Jovens Moçambicanos, militantes da FRELIMO e continuadores das tradições da gesta do 25 de Junho de 1962, de luta pelos interesses do Povo Moçambicano, queremos uma sociedade estável e próspera, em que reine a paz, a democracia, a igualdade, a justiça social e o respeito pelos direitos universais do Ser Humano e do Cidadão.
Os Estatutos do nosso Partido definem a Natureza da FRELIMO como um Partido que congrega moçambicanos de todas as classes e camadas sociais determinados a defender os valores de liberdade, de unidade nacional, da paz, de democracia, de igualdade, de solidariedade e de justiça social e como o Partido do povo que concretiza a sua linha política na base das aspirações e sentimentos da vontade do povo, sua condição e razão da sua existência.
Os Estatutos descrevem como Princípios Fundamentais da FRELIMO a continuação da acção e das tradições gloriosas da FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE, de defesa dos interesses do Povo Moçambicano, através de um projecto nacional de sociedade baseado na defesa dos direitos do Ser Humano e do Cidadão e nos princípios da cultura de paz, por ser a FRELIMO o Partido da Paz e do Diálogo.
Hoje assistimos nas ruas de várias cidades do nosso país, actos de violência injustificável contra cidadãos indefesos, perpetrados por membros das Forças de Defesa e Segurança, que violaram a definição constitucional de Moçambique como Estado de Direito Democrático baseado no pluralismo de opinião e de expressão e que violaram também o próprio dever constitucional das Forças de Defesa e Segurança de garantir o respeito pelo Estado de Direito Democrático e a observação ESTRITA dos direitos e liberdades fundamentais de TODOS os cidadãos.
Esta violência de agentes do Estado contra os seus cidadãos é também uma traição aos valores e dos princípios fundamentais do Partido que dirige o nosso Estado, uma traição às tradições gloriosas da FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE de defesa dos interesses do Povo Moçambicano e uma traição à FRELIMO como o Partido da Paz e do Diálogo.
Acima de tudo é uma TRAIÇÃO às nossas mães e pais, tias e tios, avós e avôs, irmãs e irmãos que deram vida pela Independência Nacional para que as filhas e filhos desta terra possam, para sempre, viver em Liberdade e para que, nas palavras do nosso belo Hino Nacional, nenhum tirano nos volte a escravizar. O Moçambique que estamos a testemunhar nas ruas das nossas cidades hoje não é o Moçambique que proclamámos às 00 horas de 25 de Junho de 1975.
Pela memória dos que ousaram lutar, pela memória de Josina e Samora, e para que o Sol de Junho brilhe para sempre, é nosso dever, como membros da FRELIMO, defender a nossa Constituição Democrática e resgatar os valores e princípios tradicionais da FRELIMO para darmos às gerações de hoje e de amanhã um país melhor”.(Carta)