Continua duro e incisivo o discurso do Presidente da Renamo, Ossufo Momade, em torno dos resultados do recente recenseamento eleitoral, que teve lugar entre os dias 20 de Abril e 03 de Junho corrente, nos 65 distritos e cidades autárquicos do país.
Falando ontem na Serra da Gorongosa, província de Sofala, na cerimónia de encerramento da base militar de Vunduzi, no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens da Renamo, Momade defendeu a necessidade de se corrigir os erros verificados durante o recenseamento eleitoral, como forma de se evitar os conflitos pós-eleitorais, que ciclicamente afectam o país.
Segundo Ossufo Momade, as guerras cíclicas que têm assolado o nosso país são consequência das sucessivas fraudes eleitorais, pelo que as autoridades competentes devem proceder com a correcção das irregularidades, pois, “manter o resultado deste recenseamento é adiar a paz que temos vindo a conquistar duramente”.
Entre as irregularidades detectadas pela Renamo está o impedimento de inscrição dos membros da oposição; o transporte de cidadãos de distritos não autárquicos para se recensearem nas autarquias; o roubo de mobiles ID; o recenseamento de eleitores na calada da noite, nas casas dos Secretários dos bairros, grupos dinamizadores e de líderes comunitários; e o envolvimento de Directores Distritais do STAE (Secretariado Técnico da Administração Eleitoral) e de brigadistas em actos ilícitos.
“Infelizmente, estas e outras irregularidades, denunciadas e participadas tempestivamente às autoridades competentes, não mereceram o devido tratamento, um sinal de ensaio de mais uma fraude eleitoral e criação de um ambiente fértil para um conflito pós-eleitoral”, atirou Momade, para quem “é de interesse do poder político instituído continuar a pôr em causa as eleições”.
“Num país que se pretende reconciliado, não pode e nem deve haver cidadãos da primeira e da segunda categoria, porque todos são filhos da mesma pátria e o poder político deve ser alcançado através de eleições livres, justas e transparentes”, sublinhou.
Refira-se que, tal como fez durante o período de recenseamento eleitoral, Filipe Nyusi, Presidente da República e da Frelimo, voltou a não se pronunciar em torno das irregularidades verificadas no recenseamento eleitoral, que culminaram, por exemplo, com a demissão do Director Distrital do STAE de Ribáuè, na província de Nampula. (Carta)