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quarta-feira, 06 setembro 2023 06:14

Sanjeev Gupta, a Vulcan em Tete, a “teoria das restrições” e a “optimização de custos”

Pouco mais de três anos depois de ter adquirido, da brasileira Vale, a concessão carbonífera de Moatize (Tete), a indiana Vulcan (pertencente ao Grupo Jindal) enfrenta hoje no mercado uma tendência generalizada de queda dos preços do carvão térmico e metalúrgico (ela exporta as duas qualidades).

 

Quando a Vale anunciou em 2021 a venda da mina de Moatize, muitos analistas do sector do carvão vaticinavam que a sentença de morte havia soado bem alto para o carvão. A diminuição da procura global, juntamente com um crescente movimento mundial de desinvestimento que apoiou uma mudança concertada para fontes de energia mais limpas, sugeriu que se tratava de uma indústria em declínio terminal. E, no entanto, em 2021, os preços do carvão atingiram máximos históricos, apoiados pela procura dinâmica, com os produtores demasiado dispostos a expandir a produção.

 

Mas essa subida foi sol de pouca dura. A volatilidade dos preços dos contratos começou a marcar o mercado global e a Vulcan em Tete acusou o toque e teve que se adaptar. Como? O mais provável seria reduzir sua massa laboral, deixando centenas de jovens formados moçambicanos no desemprego. Mas a empresa socorreu-se na “teoria das restrições” (constraints theory) para se reinventar e continuar a gerar lucro.

 

Sob a batuta do americano Sanjeev Gupta, actual CEO (e também fundador da "Realization Technologies") a Vulcan decidiu aplicar seus ensinamentos inspirando-se na “teoria das restrições”, um dos fascínios de Gupta desde os seus tempos de faculdade. Ele estudou em Pittsburgh, na Pensilvânia, nomeadamente no Carnegie Mellon University (CMU), uma universidade privada de pesquisa global e uma das 25 universidades admitidas no Fórum Global de Líderes Universitários do Fórum Económico Mundial.

 

Como é que a Vulcan respondeu à crise? Em vez de despedir, como dissemos, a multinacional aumentou a produção, continuando a manter uma considerável margem de lucro. A ideia de aumentar a produção foi inspirada, disse ele, na “teoria das restrições”, uma metodologia concebida pelo israelita Eliyahu Goldratt, que a apresentou ao vasto público através do seu romance best-seller de 1984, “The Goal”. Desde então, a TOC continuou a evoluir e a desenvolver-se e hoje é um factor significativo no mundo das melhores práticas de gestão.

 

A “teoria das restrições” é uma metodologia que serve para identificar o factor limitante mais importante (ou seja, a restrição) que impede o alcance de uma meta empresarial e, em seguida, melhorar sistematicamente essa restrição até que ela não seja mais o factor limitante. Na manufactura, a restrição é frequentemente chamada de gargalo.

 

No caso vertente, factor limitante para a Vulcan atingir seu principal objectivo, o lucro, foi a redução do preço do carvão e a resposta foi o aumento da produção. Sanjeev Gupta recebeu-nos ontem em Tete, numa entrevista em que participaram também Anoop Kumar, Director para a Área de Responsabilidade Social Corporativa, e outros quadros moçambicanos.

 

Detalhes da entrevista vão ser publicados nos próximos dias neste jornal. Nela, Sanjeev Gupta responde cabalmente e serenamente a muitas questões pertinentes sobre as operações em Tete, nomeadamente, sobre a revisão de contratos com fornecedores de longa data. Muito do que está a acontecer, adiantou ele, decorre de um processo de “optimização de custos”. Ou seja, a Vale contratou serviços a preços empolados e a Vulcan está a rever essa situação. A Vulcan é uma empresa privada indiana que faz parte do Jindal Group, com um valor de mercado de 18 mil milhões de dólares (16,8 mil milhões de euros). (Marcelo Mosse)

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