Começa a “engordar” a lista de reclamações no seio da Polícia da República de Moçambique (PRM), em torno da alegada má gestão dos recursos humanos. Depois das denúncias sobre os constantes atrasos salariais, agora juntam-se denúncias sobre a falta de comida nos quartéis, sobretudo nas unidades de formação.
Informações confidenciadas à “Carta” indicam que a Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), localizada no distrito de Marracuene, província de Maputo, e a Escola de Sargentos da Polícia (ESAPOL), situada no distrito de Nhamatanda, província de Sofala, não recebem comida há pelo menos três meses, facto que dificulta o processo de formação.
Ao que “Carta” apurou, no caso da ACIPOL, instituição que ministra cursos de licenciatura em ciências policiais, a direcção teve de suspender as aulas presenciais dos cadetes do segundo ao quarto ano, tendo apostado em aulas online devido à falta de comida. No recinto da instituição, sabe “Carta”, continuam apenas os cadetes do primeiro ano de formação que, para além de aulas teóricas, também são submetidos às aulas práticas.
Sem detalhar a situação que se vive na ESAPOL, as fontes dizem haver um silêncio absoluto em torno da fome que abala as duas escolas. Aliás, sublinham que o caos só não atinge proporções alarmantes, uma vez que a Escola Prática da PRM de Matalana, também localizada no distrito de Marracuene, província de Maputo, encontra-se deserta: só volta a receber instruendos em 2027.
Para além dos atrasos salariais (há agentes da Polícia que até esta segunda-feira ainda não tinham recebido salário do mês de Agosto) e a falta de comida, fontes da PRM revelam ainda haver crise de uniformes na corporação, existindo agentes da Polícia que não dispõem de camisolas, capas de chuva e nem calçados oficiais da PRM.
“Carta” tentou, sem sucesso, obter reação da direcção da ACIPOL, liderada por José Mandra, e do Comando-Geral da Polícia, através do seu porta-voz, Orlando Mudumane. Igualmente, não houve qualquer esclarecimento por parte do Ministério do Interior. Refira-se que as instituições de formação da PRM e das Forças Armadas de Defesa de Moçambique funcionam em regime de internamento, pelo que a alimentação é imprescindível. (Carta)