Dom Carlos Matsinhe, que é igualmente Presidente da Comissão Nacional de Eleições, já reagiu à carta dos bispos anglicanos que exigem a sua demissão imediata de Bispo da Diocese dos Libombos, na sequência das controvérsias em torno dos resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro. O bispo pede ponderação e diz que as pessoas estão a denegrir a sua imagem. Dom Matsinhe afirma ainda que não é traidor e nem mentiroso.
Na sequência do conturbado processo eleitoral e de acusações de uma gestão danosa por parte da Comissão Nacional de Eleições, sob presidência de Dom Carlos Matsinhe, 10 dos 12 bispos que compõem a liderança da Igreja Anglicana em Moçambique e Angola escreveram, no passado dia 30 de Outubro, uma carta exigindo a resignação imediata do Bispo da Diocese dos Libombos, Dom Carlos Matsinhe.
A Igreja Anglicana em Moçambique convocou, no passado dia 14 de Novembro, uma reunião da Comissão permanente da 23ª do Sínodo diocesano para discutir a carta dos bispos da denominação, no país e em Angola, exigindo a resignação imediata de Dom Carlos Matsinhe, mas o encontro não chegou a acontecer.
Os bispos da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola entendem que a atitude do seu membro não é merecedora do respeito da congregação já que compactuou com algo errado e que contraria o que tem pregado e ensina no púlpito, ao mentir no lugar de falar a verdade ou se demitir caso a situação forçasse.
Volvido um mês, e num documento de quatro páginas que a televisão privada ″Tv Sucesso″ conseguiu em exclusivo, Dom Carlos Matsinhe avança com lamentações, segundo as quais, ″tudo o que se tem dito contra ele não passa de desinformação e acusações infundadas que consubstanciam a forma mais vil e subtil de denegrir a imagem de uma pessoa, à luz do exercício de uma suposta democracia e liberdade de expressão″.
O clérigo defende-se afirmando que os pronunciamentos dos políticos e das pessoas da sociedade visam denegrir a sua imagem e da Igreja. ″Isso é um facto″, sublinha o Bispo reconhecendo, no entanto, que há coisas que acontecem sem premeditação.
″Vivemos e servimos um mundo de humanos″, diz Dom Matsinhe, que de seguida pede desculpas por todo o embaraço em torno da sua pessoa.
No documento, o Bispo orgulha-se por ser dirigente da Anglicana e pelo facto de servir fielmente a Igreja. ″Orgulho-me por ser bispo da Igreja Anglicana em Moçambique e Angola. Por isso não sou traidor e muito menos mentiroso. Se eu fosse, teriam visto isso muito antes ao longo dos 44 anos de ministério que inicia com o diaconato até ao cargo que exerço hoje″, explica Dom Carlos Matsinhe, lembrando que, face a convicção que demonstra sob a sua liderança, recusa-se a renunciar voluntariamente e pede ponderação sobre a matéria.
Em relação à reforma que os seus pares de Moçambique e Angola recomendaram até 30 de Novembro, que equivale à resignação, Dom Matsinhe considera uma matéria que deve ser ponderada, incluindo uma auscultação exaustiva dos crentes, em particular da Diocese dos Libombos. O mandato de Dom Carlos Matsinhe como Bispo da Diocese dos Libombos termina em Outubro de 2024. (Carta)