Dados da Comissão Distrital de Eleições (CDE) de Nacala-Porto, divulgados nesta segunda-feira, revelam que o boicote protagonizado pela Renamo na votação deste domingo, naquele ponto do país, desmobilizou 71,35% dos eleitores, que preferiram dedicar o dia a outras actividades que repetir a eleição ordenada pelo Conselho Constitucional.
Segundo a CDE de Nacala-Porto, dos 12.893 eleitores inscritos nas assembleias de voto das EPC Cristo é Vida e Murrupelane, apenas 3.694 é que foram votar, o que corresponde a 28,65% do universo eleitoral chamados para o processo. Dos votantes, 90,90% escolheram a Frelimo, 6,23% a Renamo e 2,51% elegeram o MDM (Movimento Democrático de Moçambique).
Aos jornalistas, o Cabeça-de-lista da Renamo e actual Edil de Nacala-Porto, Raul Novinte, disse que a votação de domingo ilustrou a morte da democracia, por um lado, e, por outro, a realidade do voto popular naquela autarquia.
Segundo Novinte, os 221 votos atribuídos à Renamo pela CDE de Nacala-Porto foram inventados, tal como os 3.227 votos conseguidos pela Frelimo “porque as assembleias de voto estavam às moscas”. “Assistimos a matança da democracia porque nós fomos ver que nenhum membro do partido foi votar, mas assistimos a invenção de votos da Renamo pelos órgãos eleitorais. Também vimos que o número de votos atribuído à Frelimo não são verdadeiros porque as assembleias de voto estavam às moscas”, defende Novinte.
Para o Edil de Nacala-Porto, a desmobilização de 9.199 eleitores mostra que o povo é que manda quem pode governar. “Isto foi uma demonstração de que a Renamo ganhou em Nacala-Porto. Pode ser arrancado, sim, como a Frelimo sempre quis, como a Frelimo sempre preparou, mas a democracia em Nacala prevalece e o povo sabe é quem elegeu, que é o Raul Novinte”, sublinha o cabeça-de-lista da Renamo, que pretendia a repetição da eleição em toda autarquia.
“Nós abrimos um véu para mostrar que a Frelimo, em Nacala-Porto, não existe. O que aconteceu no Cristo é Vida e no Murrupelane reflete o que aconteceu em todas assembleias de voto no dia 11 de Outubro, em que se registou guerra e não uma eleição”, atira Novinte.
Refira-se que o maior partido da oposição boicotou a eleição deste domingo, em Nacala-Porto, em discordância com a decisão do Conselho Constitucional de se repetir parcialmente a votação. A Renamo não só desmobilizou o seu eleitorado de Nacala-Porto, como também não enviou seus membros para as 18 Mesas de Voto abrangidas.
Eleitores ficaram em casa em Gurué e Milange
A abstenção não só afectou as 18 Mesas da autarquia de Nacala-Porto, como também as Mesas da vila de Milange (três) e cidade de Gurué (13), na província da Zambézia. Em Milange, dos 2.397 eleitores que eram esperados nas urnas, apenas 640 (26.7%) foram votar. Os restantes 1.757 (73,3%) decidiram ficar em casa. A “Sala da Paz” refere que a Frelimo ganhou nas três Mesas de Voto de Milange com 363 votos, contra 245 da Renamo e oito do MDM.
Já na autarquia de Gurué, 66,43% dos eleitores inscritos nas 13 Mesas não foram votar. Nesta autarquia, a Comissão Distrital de Eleições declarou a Frelimo como vencedora do escrutínio com 62,17% dos votos, contra 31,83% da Nova Democracia e 3,26% da Renamo.
A Renamo, na Comissão Provincial de Eleições na Zambézia, refere que a contagem dos votos nas 13 Mesas de Votação de Gurué foi feita sem a supervisão dos membros da oposição nos órgãos eleitorais, tal como o apuramento intermédio. Aliás, a plataforma de observação eleitoral DECIDE relata que os dados da CDE de Gurué foram elaborados sem os editais produzidos nas Mesas. (A.M.)