O Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, apresenta na manhã de hoje o seu Informe sobre o Estado Geral da Nação, em cerimónia solene a ter lugar na Assembleia da República. Trata-se do seu nono e penúltimo discurso anual à nação sobre a situação política, económica e social de Moçambique, num ano marcado pela realização das VI Eleições Autárquicas, cujo processo ainda não foi concluído, passados mais de dois meses após a realização do escrutínio em 65 municípios.
Nyusi, que é esperado no Parlamento pelas 10h00, deverá, como sempre, descrever as realizações da sua governação ao longo de 2023, marcada pela inauguração de dezenas de sistemas de abastecimento de água, dezenas de novos edifícios dos Tribunais Judiciais, de alguns hospitais distritais, de alguns sistemas de electrificação rural e da nova ponte sobre o Rio Save.
No entanto, é em torno das polémicas eleições autárquicas que reina a maior expectativa dos moçambicanos. É que o Chefe de Estado nunca se pronunciou sobre o processo desde 11 de Outubro (data da eleição), quando disse aos partidos políticos para respeitarem as regras do jogo já estabelecidas pelos órgãos eleitorais.
Como é de conhecimento geral, as eleições autárquicas de 2023 foram descritas como as mais fraudulentas da história do país, tendo causado uma tensão pós-eleitoral, com a Renamo, o maior partido da oposição, a convocar marchas pacíficas (que acabaram sendo violentas em algumas autarquias) em protesto contra os resultados eleitorais, que davam vitória à Frelimo em 64 municípios e ao MDM (Movimento Democrático de Moçambique) em um (Beira).
A Renamo, lembre-se, reclamava vitória em pelo menos 17 municípios, incluindo as cidades de Maputo, Matola e Vilankulo e as vilas de Marracuene, Matola-Rio e Manhiça. Os resultados dos órgãos eleitorais acabaram sendo contrariados pelo Conselho Constitucional, que deu vitória à Renamo em quatro municípios e anulou a votação em outros quatro, cuja eleição foi repetida no passado dia 10 de Dezembro.
É também expectativa dos cidadãos ouvir do Presidente da República (e também da Frelimo), se o Estado Geral da Nação é satisfatório ou não, num momento em que quadros seniores e históricos do partido no poder entendem que Moçambique não goza de boa saúde. Aliás, desde 2015 que Filipe Jacinto Nyusi não afirma em que estado está o país, preferindo recorrer a termos românticos e poéticos.
Em 2022, por exemplo, o Presidente da República disse que “a situação geral da nação é de estabilização e de renovado optimismo face aos desafios internos e externos”, sem precisar se a nação estava de boa saúde ou não. Lembre-se que, em 2015, no seu primeiro discurso, Nyusi admitiu que o Estado Geral da Nação não era bom, uma avaliação que não mais se ouviu nos seus discursos anuais.
Para além das eleições autárquicas, o alto custo de vida, o combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, os raptos e a conclusão do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos guerrilheiros da Renamo integram o menu a ser servido aos moçambicanos, cinco dias antes da Festa da Família.
Lembre-se que o DDR foi concluído em Junho passado, porém, dos mais de cinco mil homens e mulheres desmobilizados, menos de 800 é que já começaram a se beneficiar das pensões, facto que deixa muitos descontentes com o Governo. (Carta)