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segunda-feira, 19 fevereiro 2024 07:28

Ataques terroristas: Nyusi “estranha” atitude da França

Caiu mal, nas hostes moçambicanas, o apelo emitido pela Embaixada Francesa em Maputo para que cidadãos daquele país europeu não viajassem para as vilas de Mocímboa da Praia e Palma e para cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, devido à “ameaça terrorista e de rapto”.

 

O apelo foi emitido na quarta-feira passada (14 de Fevereiro), dois dias depois de a embaixada francesa ter defendido que a intensificação da ameaça terrorista em Cabo Delgado fazia prever novos ataques a Mocímboa da Praia e Palma.

 

O comunicado do Estado francês, que em Maio de 2021 assumiu o compromisso de apoiar o país no combate ao terrorismo, não atravessou a garganta do Presidente da República, que o classifica de “desalinhado” e que faz parte de uma agenda “alinhada por um motivo qualquer”.

 

“Normalmente, esperávamos, como amigos, ouvir… «face ao que está a acontecer agora, nós vamos, mais uma vez, apoiar e trabalharmos juntos para combater isto e aquilo»”, defendeu Filipe Nyusi, à margem da 37ª Cimeira dos Chefes de Estado da União Africana, que decorreu em Adis Abeba, na Etiópia, no último fim-de-semana.

 

Pelo teor do comunicado francês, o Chefe de Estado diz duvidar da sua autenticidade, porém, sendo real, acredita que a mensagem seja antiga e que aguardava apenas a fabricação de um momento para sua divulgação.

 

“(…) Quis-se emitir esta mensagem de modo que criasse impacto… vamos respeitar, é a agenda do país [França] e ninguém sabe qual é o alinhamento e duvido que a mensagem seja nova. Se calhar, a mensagem estava à espera de um momento forjado ou natural, mas nós vamos respeitar. Não há que questionar nem sequer fazer pressão para saber o que Moçambique diz”, atirou Nyusi, assegurando que Moçambique está a trabalhar arduamente para “provar ao mundo que está empenhado com os seus parceiros de luta contra o terrorismo”.

 

Lembre-se que, em Maio de 2021, a França assumiu um compromisso de ajudar Moçambique no combate ao terrorismo, um acordo selado em Paris, durante a visita de Filipe Nyusi àquele país. Aliás, a França é vista, pela crítica moçambicana, como sendo responsável pela presença da força ruandesa em Cabo Delgado, num esforço de Emmanuel Macron para não se envolver directamente no conflito, num momento em que o seu país regista uma baixa popularidade em África.

 

Sublinhe-se que os novos ataques terroristas, em Cado Delgado, ocorrem num momento em que a multinacional francesa Total avaliava as possibilidades de retoma do seu projecto de construção da fábrica de liquefacção do gás natural da bacia do Rovuma, depois de ter abandonado as obras, em Março de 2021, após a invasão terrorista à vila Palma. (Carta)

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