Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
sábado, 19 outubro 2024 18:42

Eleições 2024: “A mim podem matar, mas a minha luta não vai morrer” – Venâncio Mondlane

VM7771910244.jpg

Está praticamente declarada a “guerra” entre o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane e as Forças de Defesa e Segurança (FDS), a quem o político atribui a autoria material do bárbaro assassinato do advogado Elvino Dias, crivado de balas na noite desta sexta-feira, em Maputo.

 

Em declarações públicas feitas na tarde de hoje, a partir do local onde foram assassinados Elvino Dias, mandatário e assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, porta-voz do PODEMOS, partido que suporta a candidatura presidencial do político, Mondlane defendeu terem sido as Forças de Defesa e Segurança a assassinarem barbaramente o seu advogado e o porta-voz do PODEMOS.

 

“Está claro que foram as Forças de Defesa e Segurança que fizeram este crime”, afirmou a fonte, clarificando, a seguir, a sua declaração. “Logo após o assassinato, homens do SERNIC [Serviço Nacional de Investigação Criminal] e do SISE [Serviço de Informações e Segurança do Estado], que estiveram aqui, arrancaram e quebraram os telefones dos jovens que estavam aqui, recolheram as cápsulas das balas para retirar vestígios acusatórios na perícia. Temos provas disso”, garantiu o político.

 

Segundo Venâncio Mondlane, as pessoas que mataram Elvino Dias não pretendiam apenas acabar com o indivíduo, mas com a sua causa. “Ele tinha dito, em um vídeo, que já se sentia morto, pelo que, para nós, a morte em si, não é uma grande perda. A grande questão que se coloca aqui é a tentativa de se matar os valores que nós defendemos. Aquela descarga exacerbada de tiros [mais de 20 tiros] não era só para matar o homem. Há muito mais do que matar o homem, mas tentar matar os valores, intimidar, aterrorizar as pessoas que acreditam naqueles valores”.

 

Mondlane revela que, quando recebeu as primeiras informações sobre o assassinato do seu advogado, pensava que era “uma coisa fictícia”, mas só pela manhã (por volta das 04h00) “é que tive a clareza de que isto era real”. “A mim podem matar, mas a minha luta, essa é que não vai morrer. Então, este é o sentimento que eu tenho agora. Estou a me reerguer para a luta, estou a me reerguer para dar um catalisador maior para esta chama que, até certo ponto, estava ténue, mas acho que, a partir de hoje, está a arder no coração de muitos jovens”, atirou.

 

Para o político – que já se auto-proclamou Presidente da República eleito, em face da contagem paralela do PODEMOS lhe dá vitória em nove círculos eleitorais, dos 11 existentes no país – o sangue do advogado Elvino Dias e do cineasta Paulo Guambe será vingado, sendo que a primeira etapa terá lugar na segunda-feira, dia em que terá lugar a greve geral por si convocada.

 

“O sangue destes jovens será vingado e é o início de uma etapa que só Deus sabe como é que ela vai terminar. Na segunda-feira, vai ser a primeira etapa. Se quiserem usar a violência, podem usar, mas fiquem a saber que depois da vossa violência há-de vir algo extraordinariamente mais forte do que vocês todos. Vão se arrepender disso”, garantiu.

 

Segundo Venâncio Mondlane, a greve da segunda-feira não irá se resumir simplesmente na paralisação da economia nacional. “Agora vamos ter um carácter diferente. Já não vamos ficar em casa de braços cruzados. Vamos carregar os nossos cartazes, vamos sair para rua e levantar os nossos cartazes, pacificamente. Não vamos destruir bens públicos e nem privados, mas vamos sair e caminhar nas nossas ruas para mostrarmos o nosso repúdio. Isto não nos podem tirar”, afirmou a fonte.

 

Mondlane afirma que a concentração, na cidade de Maputo, terá lugar exactamente no lugar onde foram assassinados Elvino Dias e Paulo Guambe. A concentração será às 9h00 e a marcha inicia pontualmente às 10h00. Garante que não irá usar o colete à prova de bala.

 

“Nós não vamos fazer desordem. O que vamos fazer é o usufruto de um direito público constitucional, que é, quando estamos revoltados, temos de mostrar a nossa revolta publicamente. Então, o senhor (senhor Comandante) não venha tentar contar narrativas antecipadas para começar a fazer a brutalidade que vos carateriza, a mesma que fizeram em Nampula e mesma que quiseram fazer na Beira e aquele tem feito sempre”, sentenciou.

 

Na sua declaração de pouco mais de 14 minutos, refira-se, o candidato não teceu qualquer comentário sobre o passo a seguir na sua batalha eleitoral. Porém, garantiu que Elvino Dias não era o único advogado com quem trabalhava, desde finais de 2023. (A. Maolela)

Sir Motors

Ler 3865 vezes