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quarta-feira, 23 outubro 2024 01:09

Tumultos em Maputo: “Presenciamos uma afronta à dignidade humana” – Renamo

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Está, novamente, a causar indignação e repulsa a brutalidade demonstrada, mais uma vez, pela Polícia da República de Moçambique (PRM) nas manifestações desta segunda-feira, em Maputo, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane para repudiar o assassinato do advogado Elvino Dias e do cineasta Paulo Guambe, mandatários do candidato e do PODEMOS, respectivamente.

 

Em conferência de imprensa concedida esta terça-feira, em Maputo, a Renamo repudiou os actos de violência protagonizados pela Polícia, através da sua Unidade de Intervenção Rápida (UIR – Polícia antimotim) na capital do país, sobretudo nos bairros de Maxaquene e Urbanização.

 

Para o maior partido da oposição, os actos presenciados na segunda-feira colocam em causa a dignidade humana e minam a paz social. “O que presenciamos é uma afronta não só aos princípios democráticos, mas também à dignidade humana. Cada acto de violência é uma ferida aberta em nossa sociedade e, essas feridas, se não tratadas, podem transformar-se em cicatrizes que levarão gerações para curar”.

 

Segundo a Renamo, é necessário lembrar que as pessoas que se fazem aos protestos não são inimigas do Estado, mas “cidadãos que, por meio da manifestação pacífica, buscam um Moçambique melhor para todos nós”.

 

A “perdiz” sublinha que a liberdade de expressão e o direito à manifestação são pilares fundamentais de qualquer sociedade justa e democrática. “São a essência da nossa luta por justiça, igualdade e direitos humanos. Quando pessoas saem às ruas para reivindicar seus direitos, clamar por mudanças ou simplesmente expressar suas opiniões, não estão apenas a cumprir um dever cívico, mas exercendo um direito conquistado com sacrifício de filhos e filhas desta pátria”, defende, enfatizando que a segurança pública deve basear-se na protecção e na confiança e não no medo e opressão.

 

“Todos nós devemos engajar-nos no debate público, participar nas decisões que afectam nossas vidas e exigir transparência e responsabilidade de nossos dirigentes, sem medo de sermos silenciados. A Polícia precisa perceber que cada voz importa e a participação cidadã é a chave para uma democracia vibrante”, acrescenta.

 

“Estamos unidos por um profundo sentimento de repúdio à violência que se espalhou pelo país após as eleições. Em tempos de divergências políticas, é essencial manter a civilidade e o respeito mútuo, valores que são a base de uma sociedade democrática e plural”, remata, realçando a sua indignação com as “cenas impensáveis” testemunhadas esta semana.

 

Refira-se que esta não é a primeira vez em que a Polícia recorre à violência para reprimir os direitos fundamentais dos cidadãos. Só no ano passado, por exemplo, Moçambique assistiu a diversos casos de violência policial, com destaque para os testemunhados nas marchas de homenagem ao rapper Azagaia (a 18 de Março) e nas marchas de repúdio aos resultados das eleições autárquicas. Em todas estas situações, a Polícia lançou gás lacrimogéneo, feriu e matou cidadãos. (Carta)

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