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quarta-feira, 27 novembro 2024 10:40

Eleições 2024: Grande Maputo sem transporte e com vias bloqueadas por manifestantes

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A Região Metropolitana do Grande Maputo volta a registar mais um ambiente caótico, com o início, hoje, da terceira fase (da quarta e última etapa) das manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais de 09 de Outubro.

 

Numa ronda feita pela nossa reportagem, esta manhã, nos troços Matola-Gare/Mahlampsene e Zimpeto/Cidade da Matola, foi possível observar paragens e terminais lotados, devido a falta de transporte público e semi-colectivo de passageiros. Igualmente, foi possível notar uma circulação tímida de viaturas particulares e de transporte de mercadorias.

 

Relatos colhidos pela “Carta” indicam que o problema é extensivo a todas rotas da província e cidade de Maputo. Aliás, imagens amadoras enviadas à nossa Redacção mostram a movimentada Avenida de Moçambique (que coincide com a Estrada Nacional Nº 1) despida de viaturas, com as pessoas a caminharem sobre o pavimento, umas em direcção aos seus locais de trabalho e outras às suas residências.

 

Em alguns pontos de Maputo, Matola, Boane e Marracuene, como Matola-Rio, em Boane; Praça dos Combatentes (vulgo Xiquelene) e Maquinag, na Cidade de Maputo; e Casa Branca, BIC e Mahlampsene, na Matola, grupos de manifestantes mandavam parar os carros em plena via pública, colocando barricadas. Uma viatura de recolha de resíduos sólidos, do Município da Matola, viu a chave ser retirada da ignição por ignorar a ordem de paragem dos manifestantes, na zona da BIC.

 

Noutros pontos das cidades de Maputo e Matola, os manifestantes tomaram de assalto as vias públicas, chegando mesmo a colocar mesas, fogões e cadeiras para passar refeições, tal como se viu no bairro do Luís Cabral. Em Mahlampsene e na Avenida Guerra Popular, os manifestantes saltavam à corda, enquanto na Praça dos Combatentes jogavam à bola.

 

O comércio (formal/informal) esteve praticamente “fechado”, com os principais mercados “às moscas”, enquanto instituições públicas funcionavam à “meio-gás”. Até ao princípio da tarde, a única via segura para entrada e saída de viaturas na cidade de Maputo é a Estrada Circular de Maputo, porém, a Casa Militar (a guarda presidencial) bloqueou o acesso às Avenidas Julius Nyerere e Kenneth Kaunda, a partir da rotunda do Hotel Radisson Blu, facto que estava causar congestionamento ao longo da Avenida da Marginal.

 

Refira-se que Venâncio Mondlane afirmou ontem o início, hoje, da terceira fase dos protestos, enquadrados na chamada quarta e última fase das manifestações. Em concreto, Mondlane disse que, a partir das 08h00 desta quarta-feira, os cidadãos devem desligar os seus carros em plena estrada e caminhar em direcção aos seus locais de trabalho, devendo retomar às suas viaturas depois da jornada laboral. Os protestos terminam na sexta-feira e a medida foi anunciada para ser implementada nas cidades.

 

“A partir das 08h00, em plena estrada, com os carros cheios de cartazes, vamos desligar os carros. Fechamos o carro e vamos andar a pé até ao local de trabalho. Vamos usar as nossas estradas como parque de estacionamento amanhã [hoje]”, anunciou Venâncio Mondlane, pedindo, mais uma vez, “sacrifício” e “paciência” aos moçambicanos.

 

À saída, explicou o político, os cidadãos deverão entoar o hino nacional por 15 minutos (entre as 15h30m e as 15h45m) e o hino de África por igual período (entre as 15h45m e as 16h00). No regresso à casa, os condutores deverão buzinar como parte dos protestos até às suas residências. (Carta)

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