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sexta-feira, 10 maio 2019 06:39

“Pode se meter um governo inteiro na prisão, mas a corrupção não passa”, diz Lourenço do Rosário

O Presidente do Fórum Nacional do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP), Lourenço do Rosário, defende que a corrupção é um problema global e que ultrapassa as capacidades de qualquer governo, pelo que deve ser tratada como os grandes problemas da actualidade.

 

 

Falando à imprensa, esta quinta-feira (09 de Maio), à margem da cerimónia de lançamento do segundo Relatório de Avaliação de Moçambique, no âmbito do MARP, Do Rosário disse: “a corrupção é tida, neste momento, como um problema global e deve ser encarrada da mesma maneira como o problema das mudanças climáticas, catástrofes naturais”.

 

Analisando aquele que é o maior desafio do país, a corrupção, de acordo com a avaliação do MARP, o académico explicou que esta “está a minar todo o tecido social, desde o mais pequeno núcleo da sociedade até ao mais alto nível da governação”.

 

Entende, Do Rosário, que não se pode combater a corrupção apenas com medidas administrativas e punitivas. Considera ainda que mesmo com detenção de várias figuras de “proa”, a nível de um governo, “não se irá eliminar a corrupção”.

 

“Pode se meter um governo inteiro na prisão, mas a corrupção não passa porque é um problema global e que transcende as capacidades dos governos, pelo que Moçambique deve procurar auxílio de outros países e instituições”, defende.

 

Refira-se que, neste momento, três antigos ministros do governo de Armando Guebuza estão a contas com a justiça. Trata-se de Helena Taipo, Paulo Zucula e Manuel Chang. A antiga ministra do Trabalho, que se encontra detida, é suspeita de ter desviado fundos do Instituto Nacional de Segurança Social.

 

Por sua vez, Paulo Zucula, antigo ministro dos Transportes e Comunicações, já foi condenado a 14 meses de prisão convertidos em multa por pagamentos indevidos no ao Conselho de de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçmbique. Zucula ainda é acusado de corrupção nos processos de construção do Aeroporto de Nacala e na compra de duas aeronaves da empresa Linhas Aéreas de Moçambique.

 

Por último, Manuel Chang, antigo ministro das Finanças, encontra-se detido na África do Sul a pedido da justiça americana, no âmbito do escândalo das dívidas ocultas. Chang ainda é acusado de ter recebido “luvas” no processo de construção do Aeroporto de Nacala.

 

Outros desafios identificados pelo MARP   

 

Entretanto, num outro desenvolvimento, o Presidente do Fórum Nacional do MARP destacou que, para além da corrupção, Moçambique continua a enfrentar desafios antigos, como a paz efectiva, o desemprego juvenil, a agricultura, mudanças climáticas, explosão demográfica, educação, saúde, infra-estruturas e recursos minerais.

 

Contudo, para Do Rosário, se Moçambique ultrapassar estes desafios terá, de facto, cumprido as recomendações do MARP. Sublinha que um dos desafios, neste ano, é convencer os partidos políticos a incorporarem as recomendações daquele órgão nos seus manifestos eleitorais. (Omardine Omar)

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